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Acre também quer faturar na boa fase do álcool

Viana veio a Ribeirão Preto a convite do empresário Maurílio Biagi Filho, que visitou recentemente a Alcobrás acompanhado de equipe de 12 técnicos. Segundo Biagi, para voltar a funcionar, a destilaria precisa de investimentos de R$ 5 milhões na área industrial e de R$ 20 milhões na área agrícola, especificamente na construção de um viveiro de mudas e na plantação de 10 mil hectares de cana. Outros R$ 6 milhões seriam investidos pelo sócio privado, resultando num negócio de R$ 31 milhões.

Hoje, Viana vai ao Rio de Janeiro buscar assessoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a elaboração do desenho do negócio. “Inicialmente, o governo deve ser acionista majoritário da destilaria, para garantir a presença de trabalhadores na Alcobrás”, declarou o governador. Segundo Viana, na área da usina, de 11 mil hectares, há dois assentamentos da União com um total próximo de mil famílias. “Depois, reduziremos a participação do governo no negócio”.

Construída no final da década de 1970, com financiamento integral do Banco do Brasil e da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), a Alcobrás mal chegou a entrar em operação. Seu antigo proprietário, José Alves Pereira Neto, faliu. “À época, houve um grande desvio de dinheiro, um escândalo”, declarou Viana.

“Viemos conhecer usinas e eventuais parceiros para que a Alcobrás volte a funcionar e, quem sabe, abra as portas para novas usinas no Acre”, disse Viana. “Em razão da distância, o preço do álcool no Acre é de quase R$ 2,00 o litro, o dobro do praticado em São Paulo”. Para Viana, as usinas e os empresários da região de Ribeirão Preto “são referência em competitividade” do setor sucroalcooleiro.

De acordo com os planos de Biagi, a quem Viana foi-se aconselhar, a Alcobrás poderia iniciar a moagem experimental de cana em 2007 e operar a partir de 2008. Num primeiro momento, seriam processadas 500 mil toneladas por safra, volume que dobraria nos anos seguintes.

Biagi conta que soube do negócio da Alcobrás quando estava construindo a Usina Itapagipe, em Minas Gerais. “Havia equipamento disponível no Acre. Depois de visitar o estado, pensei que a melhor solução seria a Alcobrás funcionar onde está, e disse isto ao governador”, afirmou Biagi. Segundo o usineiro, a Alcobrás deverá adquirir cana dos assentamentos e demandará o trabalho de 2 mil pessoas.

Segundo Viana, que é engenheiro florestal, o Acre tem 1,5 milhão de hectares desmatados, equivalentes a 11% da área total do Estado. “Fora a pecuária de alta qualidade que se desenvolve ao redor da capital, as áreas desmatadas, de onde se extrai madeira e borracha, têm baixa lucratividade”, disse Viana. “Temos que parar com o desmatamento e utilizar parte da área já desmatada para plantar cana-de-açúcar e criar renda para os assentados”, afirmou.

Viana espera definir a situação da Alcobrás “em no máximo 90 dias”.