São Paulo, Depois do fracasso da Alcobrás, projeto forma parceria para produção de 60 milhões de litros/ano. O Acre retoma o projeto que tentará reimplantar a produção de álcool no interior do Estado. A usina Álcool Verde já iniciou as atividades em Capixaba (distante 65 quilômetros da capital Rio Branco). O projeto é audacioso: reúne no empreendimento pequenos produtores rurais, empresários do setor sucroalcooleiro, fazendeiros e o governo estadual em uma parceria. O objetivo é chegar a uma produção de 60 milhões de litros de álcool nos próximos três anos. Os investimentos até lá são de R$ 60 milhões.
Se tudo der certo e ocorrer como o planejado, a produção acreana irá abastecer, além do mercado interno, os Estados do Amazonas e Rondônia. O álcool consumido atualmente no Norte do País é oriundo de São Paulo e Nordeste. Nas bombas da região, o produto é vendido atualmente a R$ 2,01. Com a produtividade local, a previsão é que fique em R$ 1,40.
A usina Álcool Verde surge do espólio da Alcobrás, projeto tocado pela iniciativa privada nos anos 80 que acabou em uma das maiores fraudes do setor energético. Durante a batalha judicial para a recuperação da massa falida, todo o maquinário financiado com recursos públicos do Bando do Brasil ficou deteriorado. Em acordo com o governo federal, o Estado do Acre assumiu a massa falida e detém agora o maquinário, que já entrou em processo de recuperação.
Na área de 11,5 mil hectares da usina, foram assentadas 700 famílias de seringueiros. São esses pequenos agricultores que vão participar de parte do plantio da cana-de-açúcar e mão-de-obra , ao lado de fazendeiros da região que também se comprometeram com o programa. Na divisão societária da Álcool Verde, o governo detém 5%, com o qual pretende garantir espaço aos pequenos agricultores.
Os novos donos da Alcobrás, um consórcio de empresas liderado pela Álcool Verde, fazem a junção de duas das maiores produtoras da área no país, representadas no negócio pelos empresários Eduardo Farias, do Pernambuco, e Maurílio Biaggi Filho, de São Paulo. Eles adquiriram o espólio do governo do Acre, pagando R$ 3 milhões que o Estado tinha investido junto ao Banco do Brasil e se juntaram na formação de uma sociedade que será dona da maior parte do investimento, o qual também terá participação de empresários locais.
A idéia é que, dentro de cinco anos, a usina explore cana de açúcar de 25 mil hectares plantado em seu entorno. “Eu penso que, dos 5% a que o Estado terá direito neste negócio, uma parte será dividida entre seringueiros e trabalhadores rurais, através do Conselho Nacional dos Seringueiros. Outra parte será aplicada em investimentos científicos e tecnológicos. São idéias que a gente está tendo e que tenho que discuti-las com os nossos parlamentares para que isso possa ser feito. Mas este é o caminho”, disse o governador do Acre, Jorge Viana (PT).
Os primeiros estudos em torno da reimplantação do projeto estimam uma média de 150 mil litros de álcool por dia, o que dá a média de quase 60 milhões de litros por ano. “Além disso, há condições da produção do açúcar e da produção de energia com o bagaço da cana. O que vejo aqui é um futuro promissor para a economia da região”, disse o secretário de Agricultura e Pecuária, Mauro Ribeiro, outro dos articuladores para a reativação do projeto. “Capixaba, o município em cujo território se localiza a usina, vai passar por uma grande transformação”, previu. A localização da cidade é estratégica. É cortado pela estrada que liga o Brasil ao Pacífico.
kicker: Dono de 5% da usina Álcool Verde, o governo estadual quer garantir a participação de pequenos produtores no setor alcooleiro.