Mercado

Acionistas comprarão Vale do Rosário

Luiz Silveira

O mercado de etanol viveu ontem um dia agitado, com a decisão de acionistas da Vale do Rosário de exercer seu direito de preferência na compra das ações que estão à venda e com o anúncio da compra pelo Noble Group, de Hong Kong, da Usina Petribu Paulista. Além disso, o ministro da Agricultura, Guedes Pinto, previu um crescimento de 10% na produção de etanol este ano.

No caso da Companhia Açucareira Vale do Rosário, acionistas contrários à venda da empresa ao grupo Cosan decidiram exercer seu direito de preferência e com essa decisão colocam um ponto final nos planos da Cosan, que chegou a anunciar um acordo para ficar com a Vale do Rosário.

Segundo Cícero Junqueira Franco, vice-presidente da Vale e porta-voz do bloco contrário à venda para a Cosan, há diversas propostas de bancos, fundos e investidores interessados em financiar seu grupo, que detém 49,8% da empresa, para comprar os 50,2% restantes oferecidos para a Cosan.

Pelo estatuto da companhia, o direito à preferência de compra pode ser exercido pelos acionistas que não querem vender sua participação em até 30 dias. Para isso, o grupo de Junqueira Franco tem até o dia 26 de fevereiro para levantar US$ 389 milhões, o valor oferecido pela Cosan pelos 50,2% das ações. “O exercício da preferência já está decidido. Estamos agora escolhendo as propostas que usaremos”, diz Junqueira Franco.

Segundo o estatuto, não cabe nenhum tipo de contraproposta da Cosan caso os acionistas não vendedores exerçam a preferência.

O plano do bloco contrário à venda da Vale, composto principalmente pelas famílias Junqueira e Biagi, é manter a companhia sem um acionista majoritário, para reiniciar o processo de fusão com a Companhia Energética Santa Elisa e posteriormente partir para a abertura de capital.

Para isso, será formado um consórcio chamado Nova Vale, com os investidores que desejarem comprar parte dos 50,2% que serão adquiridos dos minoritários.

A condição para a entrada nesse consórcio, segundo o vice-presidente da Vale, será a concordância com a fusão com a Santa Elisa. Ele conta que uma das propostas recebidas com simpatia por seu grupo é da Bunge, que poderia compor o consórcio. “Mas se eles não aceitarem ficar com uma participação minoritária na Vale, outros vão querer”, diz ele.

O presidente mundial da Bunge, Alberto Weisser, esteve no Brasil em janeiro, mas a empresa não confirma se a visita tenha sido para negociar com a Vale do Rosário. No entanto, os controladores da usina afirmam que o negócio não foi fechado na ocasião porque a Bunge tinha a intenção de adquirir uma participação que garantisse o controle da empresa. Esse era também o objetivo da Cosan, que condicionou sua oferta por 100% das ações da Vale ao interesse de venda de acionistas que somassem pelo menos 50% mais uma das ações.

O diretor coorporativo da Bunge, Adalgiso Telles, diz que é estratégia da empresa se tornar líder do mercado de açúcar e álcool e que a companhia está prospectando oportunidades no Brasil.

“Não iremos comentar sobre novas aquisições enquanto não fizermos nenhuma negociação efetiva”, diz Telles. Ele não revela se a empresa aceitaria se tornar acionista minoritária no novo mercado.

A aposta do Noble

O Noble Group, empresa que fornece commodities e está sediada em Hong Kong, informou ontem que comprou a Usina Petribu Paulista Ltda., processadora de açúcar localizada no Estado de São Paulo e capaz de esmagar 2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar para a fabricação de açúcar e etanol.

A Noble pagou US$ 70 milhões e pretende investir aproximadamente US$ 200 milhões na realização de um grande projeto de expansão da unidade. A Petribu Paulista tem capacidade de esmagar 2 milhões de toneladas de cana e pertence ao grupo pernambucano Petribu, tradicional processador de açúcar que tem outra unidade em São Paulo.

O Noble anunciou também como parte do negócio que comprou a Meridiano, empresa que possui terras.

A compra expande os interesses do Noble no Brasil, país em que a empresa já responde por 10% das exportações de etanol.

Em Brasília, o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, estimou aumento de 10% na produção de etanol brasileira neste ano. Hoje, a produção é de 16 bilhões de litros.

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