O sinal amarelo no mercado de energia elétrica do interior paulista já acendeu em novembro, quando, em reunião com consumidores industriais em um hotel de Ribeirão Preto, SP, executivos da distribuidora CPFL alertaram para a possibilidade de suspensão nos contratos de energia mais barata, firmados quando há disponibilidade de sobra de quilowatts-hora.
No encontro, a empresa divulgou que neste mês de janeiro faria um acompanhamento diário das condições de suas geradoras. Abaixo de 60% de capacidade, os reservatórios são considerados críticos.
Os meses passaram, nenhuma atitude foi tomada por parte dos gestores públicos e, agora, é a vez do sinal vermelho ser aceso.
Sertãozinho, SP, principal pólo fornecedor de peças e serviços para o setor sucroalcooleiro, com mais de 400 empresas, tem turnos seguidos para dar conta dos mais de 300 contratos em vigor para obras de ampliação e de reforma de unidades nesta curta entressafra (a safra deve começar em abril na maioria das fábricas).
Desde a semana passada, muitas dessas empresas, então com os contratos especiais com a distribuidora, têm recebido comunicados da suspensão dessa oferta, em que o preço do kwh chega a metade do valor do kwh convencional. Como sair de uma situação dessa? Empresários já avaliam o corte de turnos, com a decorrência de menor produção e, também, com ameaças no cumprimento dos contratos.
Não é a toa que executivos ligados ao Ceise, entidade representativa dessas empresas, buscam desesperadamente uma solução junto a distribuidora. Discutir é uma obrigação, mobilizar os políticos regionais também o é. Mas dificilmente serão encontradas saídas uma vez que a oferta de energia depende do comportamento dos reservatórios, e não da boa vontade das distribuidoras.
E pensar que um problemas desses ocorre justamente em uma região (a de Ribeirão Preto) onde há mais de 40 fábricas de etanol, a maioria delas com capacidade para ampliar a cogeração de eletricidade pelo bagaço – e que só não fizeram isso porque, enfim, faltou planejamento por parte do governo. (Delcy Mac Cruz)