As ações da Cosan , que entraram no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na sexta-feira, fecharam com alta de 8,6% aos R$ 55,60. A empresa é a primeira do setor sucro-alcooleiro a negociar suas ações na bolsa paulista. Segundo analistas, houve uma procura cerca de sete vezes maior pelas ações da oferta pública, realizada pela empresa este mês, que fez o preço atingir R$ 48,00, ficando acima do esperado: R$ 46,00.
Os fundamentos operacionais da companhia, porém, fizeram alguns analistas recomendarem cautela na compra. Os custos de produção da Cosan não são atrelados ao produto final; isso significa que, se o preço cai, os custos não diminuem, o que não é positivo para o acionista, afirmaram.
A Cosan colocou no mercado 16,05 milhões de ações, totalizando R$ 770,23 milhões. De acordo com a empresa mais 2,406 milhões ainda podem ser colocadas em mercado, caso opte por exercer o green-shoe.
Os executivos da Cosan informaram que as ações foram colocadas 30% no mercado brasileiro e o restante no mercado internacional – sendo a maioria nos Estados Unidos.
Sobre a punição que a empresa recebeu da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por quebrar o sigilo no período da oferta, seu diretor vice-presidente, Paulo Diniz, disse que isso não ocorreu. “Foram informados apenas números da operação”, afirmou.
A abertura do seu capital estava inicialmente prevista para o último dia 10, mas só foi efetivada na última sexta-feira.
Investindo na produção
Para o dirigente da Cosan, Paulo Diniz, são poucos os países no mundo que podem atender à demanda crescente pelo açúcar e, hoje, 38% desse mercado já é do Brasil. Ele afirma que a decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de proibir a exportação do açúcar europeu a partir de março de 2006 favorecerá o mercado brasileiro.
“Essa decisão abrirá o mercado exportador brasileiro de açúcar”, acredita. Atualmente, o País exporta 17 milhões de toneladas e tem potencial de crescimento, informa o dirigente da companhia.
Em relação à valorização do real frente ao dólar, o executivo afirma que, como o açúcar brasileiro é formador de preço no mercado internacional, a valorização do real fez o valor do açúcar aumentar, não prejudicando as empresas brasileiras.
A aposta da empresa, no entanto, está no crescimento do mercado alcooleiro, diz Diniz. Hoje, a Cosan tem 63% da sua produção proveniente do açúcar, enquanto 30% vêm do álcool. Com o Brasil sendo o maior produtor e consumidor do álcool para fins combustíveis do mundo, a produção de cerca de 13 bilhões de litros por ano oferece um potencial de crescimento de 5% ao ano.
A demanda, segundo Diniz, também é intensificada pela fabricação dos carros bi-combustíveis, ou flex fuel. Em, 2005, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram produzidos 598 mil automóveis neste padrão.