Os números são da ABIEC (Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne): as exportações de carne bovina in natura e industrializada acumuladas até julho chegaram a 1,009 milhão de toneladas, com crescimento de 32,55% sobre o mesmo período do ano passado; a receita aumentou 71,49%, alcançando R$ 1,886 bilhão. Motivos para festejar? Nem tanto. Apesar do cenário favorável à carne bovina brasileira e dos conseqüentes resultados positivos obtidos com as exportações, os pecuaristas não estão sendo exatamente premiados pelo aumento das vendas externas.
O presidente da Associação Brasileira do Novilho Precoce (ABNP), Constantino Ajimasto Jr, comemora o momento atual da carne bovina brasileira no comércio internacional, mas faz ressalvas quanto aos preços recebidos pelos produtores. “A remuneração paga aos pecuaristas que produzem animais diferenciados – com características exigidas pelo mercado – está aquém das nossas exigências. Investimos em genética, em produtividade, em manejo sanitário e nutricional, cuidamos do bem-estar animal, respeitamos o meio ambiente. Porém, ainda não estamos sendo reconhecidos por isso, enquanto crescem as vendas de nossa carne bovina no exterior”, explica Constantino.
O presidente da ABNP reconhece que os pecuaristas têm parcela de culpa nessa situação. “Somos desorganizados e desunidos”, diz. “É preciso haver integração entre os produtores para que tenhamos força para negociar melhores preços com os frigoríficos”.
Segundo Constantino Ajimasto Jr., que também é membro da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina, “é muito importante agregar valor à produção de carne bovina, pois somente desta maneira conseguiremos atender às exigências de mais importadores, porém é importante que todos os elos da cadeia sejam beneficiados, sob pena de se perder os novos rumos da comercialização da carne”.
A ABNP coordena as regionais do Mato Grosso, Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul, Rondônia e Paraná, e pretende formar o maior número possível de núcleos regionais até o final de 2004, em diferentes pólos pecuários do País. O objetivo da entidade é exatamente conscientizar os criadores sobre a importância da produção de carne bovina de qualidade e difundir a tecnologia de produção do novilho precoce, que oferece a carne desejada pelo mercado mundial, por suas características diferenciadas em termos de maciez, sabor e suculência, levando em consideração os conceitos de segurança alimentar e sanidade dos rebanhos. Mas a entidade também assume a bandeira da luta pela melhor remuneração dos produtores. Nesse sentido, participou ativamente da definição das Normas de Classificação de Carcaças Bovinas, que entrará em vigor a partir de 2005.