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Abastecer com etanol quase não compensa no Paraná

Os valores do litro do etanol (álcool hidratado) nas bombas dos postos paranaenses devem continuar oscilando bastante pelo menos até meados de abril ou maio. Ao menos é essa a previsão dos produtores de cana, que na safra 2009/2010 têm diminuído a produção de etanol e, por outro lado, aumentado a de açúcar. Atualmente, de acordo com os últimos levantamentos da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a menor oferta do combustível tem deixado o produto quase no limite de sua vantagem perante a gasolina, no Paraná.

Explicações para a alta recente do álcool podem ser encontradas desde o início até o final da cadeia produtiva. Começam nas fazendas da região Centro-Sul do País (as paranaenses incluídas), que sofreram com as fortes chuvas na época da moagem, principalmente. Passam, também, pelo mercado intermediário, afetado por uma redução na demanda dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que houve aumento na procura por açúcar, devido a uma quebra de produção na Índia. E terminam em um aumento inesperado (pelos produtores) no consumo interno do combustível.

Segundo os levantamentos da ANP, o valor do etanol vem alcançando, pelo menos nas últimas quatro semanas pesquisadas, no mínimo 65% do valor da gasolina, no Estado (ver quadro). Com a proporção, o Paraná ainda se mantém entre os seis estados em que ao menos para os proprietários de carros flex escolher o etanol para encher o tanque continua mais vantajoso que a gasolina, junto de Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, São Paulo e Tocantins. Mas no Interior de São Paulo, por exemplo, o valor do etanol já supera os 70% do preço da gasolina.

A menor oferta do produto no mercado é a principal causa da alta nos preços. De acordo com o diretor-presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena, os produtores foram pegos de surpresa por um aumento significativo no consumo de etanol, que passou de 1,5 bilhões de litros no ano passado, para 2 bilhões, este ano. “Ninguém imaginava que isso ia acontecer”, comenta, lembrando que o aquecimento do mercado de automóveis foi talvez o principal fator que levou ao aumento no consumo.

Tormena explica, ainda, que a quantidade de cana que ficou, este ano, sem industrialização devido às chuvas, é muito grande, chegando a 50 milhões de toneladas. Entretanto, segundo ele, a época atual não é boa para a moagem destinada à produção de etanol. “O ideal é no começo e no final de safra, quando também não é muito rentável a produção de açúcar”, afirma.

O diretor-presidente da Alcopar explica que a moagem de cana para produção de etanol, apesar de estar acontecendo em várias unidades, não é recomendada nessa época do ano por motivos de produtividade. Ele informa que, se em tempos normais se consegue retirar de 90 a 95 litros do combustível por tonelada de cana, agora só se chega a 70 litros, no máximo. “A cana está encharcada, não está madura”, avalia.