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A verdade sobre o preço do álcool, em números reais

Nos últimos meses, a opinião pública e Governo encontraram um vilão para o aumento da inflação e dos combustíveis: o “usineiro”. Com o objetivo de analisar os argumentos divulgados pela grande mídia, a ProCana fez um levantamento dos últimos três anos – o mesmo período do Governo Lula – adotando como parâmetros os principais indicadores relacionados à questão em São Paulo, maior Estado consumidor e produtor:

Preços de álcool PVU/usina: Indicadores Semanais de Preços de Álcool Estado de São Paulo – Cepea/Esalq (R$ por litro). 24/1/2003 – hidratado: 0,85903; anidro: 0,97073. 20/1/2006 – hidratado: 1,01173; anidro: 1,02135.

Preços nas bombas: ANP – Síntese dos Preços Praticados no Estado de SP (R$ por litro). Período de 19/1/2003 a 25/1/2003 – hidratado: 1,06; gasolina 2,082. Período de 15/1/2006 a 21/1/2006 hidratado: 1,522; gasolina 2,376.

Inflação: Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC/IBGE, período de janeiro 2003 a dezembro de 2005.

A partir destes dados, temos o seguinte quadro:

VARIAÇÃO PERCENTUAL JAN/2003 X JAN/2006-01-26

PREÇO ANIDRO – USINA………….. 5,21%

PREÇO HIDRATADO – USINA…….17,77%

PREÇO HIDRATADO – POSTOS…. 43,58%

PREÇO GASOLINA – POSTOS……..14,12%

INPC/IBGE …………………………………. 21,56%

NOTÍCIA – O produtor é culpado pelo alto preço do álcool nas bombas

FATO – No período de janeiro de 2003 a janeiro de 2006, o preço do álcool hidratado pago às usinas paulistas subiu 17,77% (Cepea/Esalq-SP) enquanto nos postos o consumidor pagou mais 43,58% (ANP) pelo litro do álcool. Os indicadores demonstram claramente que esta diferença de aumento, de 25,81%, foi incorporada pelos agentes da cadeia de distribuição e revenda, e não pelos produtores.

NOTÍCIA – O preço do álcool é um dos grandes responsáveis pela inflação

FATO – A inflação, de 21,56%, foi inferior ao aumento no preço do álcool ao consumidor, de 43,58%. Contudo, o reajuste ao produtor (17,77%) foi inferior à própria inflação. Na realidade, o produtor de álcool está contribuindo para a redução da inflação no País.

NOTÍCIA – O aumento do preço do álcool está provocando aumento no preço da gasolina

FATO – Ao contrário, o álcool anidro está proporcionando uma redução de 5,5% no preço da gasolina pago pelo consumidor. Sem a adição dos 25% de álcool anidro, o custo da gasolina vendida nas bombas sofreria um acréscimo de R$ 0,131 por litro, que é a atual diferença entre o preço do álcool anidro pago às usinas (R$ 1,021) e o custo da gasolina A na região Sudeste (R$ 1,544), conforme consta no site da ANP em 25/1/2006.

Nestes três anos, o álcool anidro vem contribuindo para inibir reajustes no preço da gasolina, pois o preço do álcool anidro pago ao produtor foi reajustado em apenas 5,21%, permitindo que a gasolina sofresse reajuste de 14,12%, índice inferior à inflação no período e que não tem acompanhado a evolução dos preços internacionais do petróleo.