Os dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) demonstraram que o etanol volta à cena como o principal combustível dos veículos produzidos no País. A importância do álcool automotivo agora não é apenas porque seu preço ao consumidor final é inferior à metade do da gasolina, mas porque sua volta vem na esteira de um avanço tecnológico importante: o desenvolvimento dos motores bicombustível (flexfuel) – que podem ser alimentados tanto com gasolina como com álcool.
A produção em grande escala de etanol e de motores bicombustível beneficia não apenas os proprietários de automóveis, mas a economia como um todo, tornando possível reduzir ainda mais a dependência – hoje, muito pequena – do petróleo importado.
No mês passado, para uma produção total de 213,4 mil auto veículos, as vendas internas de veículos movidos a gasolina foram de 59,1 mil, ante 67,5 mil com motor bicombustível, ou seja, 43,3% e 49,5%, respectivamente. É a primeira vez que isso ocorre. Em 2004, das vendasde veículos para passageiros no mercado doméstico, 70,8% eram movidos a gasolina e 21,6% eram bicombustível.
Para a agricultura, o setor sucroalcooleiro tem importância crescente, num ano de quebra da produção de grãos. O Brasil já é líder mundial da agroindústria canavieira, com faturamento de R$ 40 bilhões na safra 2004/2005, peso de 2,35% no PIB e geração de 3,6 milhões de empregos, segundo a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).
Além do açúcar, produz 14 bilhões de litros de álcool por ano.
Reduziu-se, além disso, a concorrência entre o álcool combustível e a gasolina, que predominava no passado e que prejudicou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool). Hoje, para a Petrobrás, que prevê a auto-suficiência em petróleo entre o final de 2005 e o início de 2006, o fato de haver mais oferta de etanol permite exportar mais petróleo, numa fase em que a com modity alcança preços elevados. Comparando os primeiros cinco meses de 2005 com os de 2004, as exportações de petróleo aumentaram 14,4% por dia útil.
Pode-se afirmar que o interesse crescente dos consumidores pelos motores flexfuel contribuiu para aumentar a produção de veículos leves. Esta cresceu 19,2%entre os primeiros cinco meses de 2004 e de 2005. É possível que as vantagens do etanol em relação à gasolina venham a diminuir no futuro, se o Brasil se tornar um grande exportador de etanol sob a formado aditivo ETBE. Mas o consumidor terá a segurança do abastecimento.