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A Rede Virtual COMBRO

Para implementar o manejo integrado do complexo broca-podridões (CBP) em cana-de-açúcar, o Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos (PMGCA) está implementando a Rede Virtual COMBRO. Durante cinco anos de pesquisa, com a participação do Prof. Dr. Marcelo Giovaneti Canteri, da Universidade Etadual de Ponta Grossa – PR, e da Destilaria Nova União (Goiás), foi desenvolvido um programa que consiste na Aplicação da Teoria da Fitopatometria para Implementar o Manejo Intregrado do CBP. O objetivo do programa será formular a estratégia mais racional e econômica para o controle do CBP que, somente no estado de São Paulo, já causou perdas anuais na casa dos US$ 100.000.000.

Manejo integrado implica no emprego de medidas de controle para manter as populações de pragas e patógenos abaixo do nível econômico de dano (NED). Por sua vez, NED pode ser definido como o nível de ataque do CBP no qual o benefício do emprego de medidas de controle se iguala a seu custo. Porém, até o presente momento, a avaliação tanto da necessidade de liberação do inimigo natural da broca (Cotesia flavipes) com base no nível populacional da broca (Diatraea saccharalis), como da eficiência do controle e estimativa das perdas causadas pelo CBP com base no índice de infestação (I.I.), não consideram o grau de infecção (incidência de doença) e colonização (severidade de doença) pelos fungos (F. moniliforme e C. falcatum) que, efetivamente, é o parâmetro correlacionado com as perdas por inversão de sacarose, escurecimento de açúcares e infecções nas dornas de fermentações. Como exemplo, estudos prévios têm demonstrado que o NED em I.I. da RB845257 é quase metade daquele observado para a RB855546. Isto porque a RB845257 é bastante colonizada pelos fungos, enquanto a RB855546 é resistente. Portanto, as infecções fúngicas não podem ser negligenciadas.

Por essa razão, foi inicialmente desenvolvida uma escala diagramática para se avaliar a severidade do CBP em colmos de cana-de-açúcar. Esta escala permite estimar, de maneira indireta, a porcentagem de volume atacado pelo CBP (Figura 1). Isto só foi possível porque a área afetada (%AA) estimada pela escala apresenta alta correlação com o índice volumétrico de dano – IVD (coeficiente de regressão acima de 0,95). Seu uso tem vantagem como o fácil manuseio, a ampla aplicabilidade, e a capacidade de gerar dados adequados para a avaliação de danos e perdas causados pelo CBP.

Considerando que o uso de escalas diagramáticas para avaliação de doenças exige avaliadores com boa acuidade visual, além de treinamento para que a estimativa da severidade seja precisa e acurada, foi necessário o desenvolvimento do WinCOMBRO: um software para seleção e treinamento de avaliadores para obter uma estimativa confiável da severidade do CBP. A boa performance do WinCOMBRO já foi verificada em estudo detalhado realizado em uma empresa. Os resultados indicaram que existem três categorias de avaliadores: aqueles que dispensam o treinamento (12,5% do total); avaliadores ruins que não melhoram a performance após o treinamento (25% do total); e avaliadores recuperados que ficam aptos para avaliar a severidade do CBP em cana-de-açúcar, após o treinamento (62% do total). Portanto, o uso da escala e do software WinCOMBRO é de grande importância para melhorar a performance de avaliadores, podendo integrar programas de Qualidade Total em busca da adaptação de funcionários às suas respectivas obrigações.

De posse da escala diagramática do software COMBRO, foi desenvolvido um novo método para selecionar materiais mais resistentes em ensaios de competição de variedades e também para monitorar a severidade do CBP em canaviais comerciais. Através dos parâmetros IIE (Índice de Infestação Externa), III (Índice de Infestação Interna), III/IIE, IVD (Índice Volumétrico de Dano), e ID (Índice de Dano), é possível o conhecimento do ponto crítico para o desenvolvimento do CBP sobre cada variedade ou local estudado.

Como em uma única usina 18.523 caminhões foram amostrados, o enorme volume de dados gerados só pode ser manuseado com o desenvolvimento de um outro software, o MCB. O software permite a emissão de relatórios por variedade, fazenda, talhão, época de safra, idade da cultura, tipo de solo, etc.

A nova Rede Virtual Combro será de utilidade incalculável para a obtenção de informações e para aprimorar o manejo integrado do CBP. Vários serviços estarão disponibilizados por usina e, dentro destas, em diferentes ambientes. Além da equipe do PMGCA, uma qualificada equipe participará da rede, incluindo o Laboratório de Criação de Cotesia flavipes BioControl (Sertãozinho- SP) que tem incentivado e participado ativamente da elaboração desse ambicioso projeto. Isso sem falar nos técnicos das usinas que participaram da rede e que, como de costume, contribuirão sobremaneira para o controle mais racional e econômico do CBP.

O PMGCA convoca as empresas interessadas para entrarem contato com sua equipe e participarem da Rede Virtual COMBRO. As inscrições até 30 de julho deste ano terão um desconto de 50%. O contato pode também ser feito com o Laboratório BioControl (16) 645.0384.

Éder Antônio Giglioti é Coordenador do LAFIMEG

CCA/DBV/UFSCar