Muito tem sido falado no mundo sobre a utilização de energias limpas e renováveis, já que as fontes fósseis não são eternas. E o Brasil aparece, frequentemente, como objeto importante nessas discussões, não apenas pela gigantesca descoberta de óleo no litoral do país, comemorada repetidas vezes pelo governo no ano passado, mas principalmente em razão do potencial para a produção de etanol a partir de cana.
Segundo o Plano Decenal de Energia, divulgado no final de 2008 pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a demanda de etanol carburante no mercado interno deverá passar de 20 bilhões de litros em 2008 para 53 bilhões de litros em 2017. Significa que a utilização desta fonte mais do que dobrará no período: apresentará, de acordo com a projeção técnica, um crescimento de 165%.
Atualmente 75% dos carros flex em circulação no país são abastecidos com etanol. Nos outros 25%, o produto também aparece, mesmo que misturado à gasolina. A expectativa da EPE é que, em 2017, 80% da frota de veículos brasileira estará trafegando abastecida com etanol. E o etanol tupiniquim não tem fronteiras. Além da já concreta expansão em sua utilização no mercado nacional, as previsões para participação no mercado externo, mesmo diante do nariz torcido mostrado pelos Estados Unidos de tempos em tempos, são otimistas. A estimativas apontam que o Brasil sairá de uma exportação de 4 bilhões de litros de etanol para 8 bilhões de litros em 2017, sendo o Japão o mercado mais promissor.
Bem, se no país o uso de etanol cresce e a projeção é que seja ampliado também mundialmente, Mato Grosso mostra que já assimilou esta tendência e a colocou em prática. Além da venda em maior parcela de veículos novos flex e que acabam sendo abastecidos com álcool, nas oficinas a procura da conversão dos carros para o sistema flex também é grande, igualmente motivada pelo álcool. Ao contrário do Gás Natural Veicular (GNV), que vem se mostrando como uma opção não tão viável em MT, antes pelo fornecimento incerto e agora pelo preço elevado nos postos, o etanol aparece como queridinho dos proprietários de veículos.
Quem abastece o carro com álcool parece estar satisfeito com o rendimento e até com o preço do combustível. Diz-se “até com o preço” porque, em 2008, o litro do álcool chegou a ser vendido por menos de R$ 1 e hoje está custando, em média, R$ 1,49 nos postos de Cuiabá e Várzea Grande. Mesmo sem entender direito os motivos da elevação dos valores, o motorista continua optando pelo álcool, porque a economia ainda compensa. Melhor seria mesmo que o “ainda” pudesse sair de cena e que o consumidor tivesse a oportunidade de contar, além da certeza de oferta do produto, com preços mais baixos e menos sujeitos a oscilações.