Haverá um dia em que as câmeras fotográficas, que se modernizam a cada quinze minutos, registrarão o mais exato retrato do ex-presidente Itamar Franco. A tecnologia, então, irá exibi-lo de braços dados com a fada da sorte, que jamais o abandonou na sua honrada trajetória política.
Não me estenderei em exemplos, já que, hoje, o personagem desse canto de página é outro e não esse político que parece caminhar para a aposentadoria, em Juiz de Fora. Ninguém pode se esquecer que Itamar aceitou ser vice de um jovem candidato à Presidência, que ostentava o vigor dos seus quarenta e poucos anos. As possibilidades de o mineiro assumir o poder eram praticamente nulas, mas o impeachment mostrou que o futuro não pertence aos homens.
Dispensada dos seus afazeres, a fada parece não ter se acostumado com as tardes sonolentas na rua Halfeld, a mais famosa daquela cidade. Habituada às tensões da vida política, comenta-se que a divindade, por mando ou vontade própria, assumiu a proteção de outro governador mineiro, o Aécio Neves. Itamar e Aécio são amigos.
O certo é que, desde a primeira posse do jovem governador no Palácio da Liberdade, há cinco anos, caiu do céu uma prosperidade jamais vista em Minas. Os chineses encomendaram todo o minério de ferro e aço disponíveis e quando eles se revelaram insuficientes, vieram sucessivas expansões nas jazidas e nas usinas. Um exemplo: antes mesmo que muitos fornecedores retirassem seus equipamentos da Mina de Brucutu, recém-inaugurada, a Cia. Vale do Doce anunciou nesta segunda-feira a construção de outra, com idêntico investimento (US$1,5 bilhão).
Nos últimos quatro anos, a CVRD liderou consórcios que construíram quatro grandes usinas hidrelétricas no estado, fato jamais ocorrido em qualquer outra administração, desde os recuados tempos em que o visconde de Barbacena mandou pendurar Tiradentes numa forca.
A proteção da sorte avançou sobre o segundo mandato. Há um mês, a Usiminas anunciou investimentos de US$ 2,6 bilhões na ampliação da usina, que trabalha no limite. A Gerdau duplica a capacidade da Açominas e a Arcelor amplia a Belgo Mineira. Sem aviso prévio, o grupo francês Vallourec anunciou a construção de outra siderúrgica no município de Jeceaba. Investimento de US$1,6 bilhão.
O dinheiro chega de toda parte. Animados com os bons negócios com o álcool, usineiros paulistas e nordestinos implantaram 50 usinas no Triângulo Mineiro, com investimentos de US$ 3 bilhões. Algumas destilarias já operam e Minas conquista o 2 lugar entre os produtores de álcool do País.
Por último, a Google, uma das maiores empresas do mundo em TI, inaugurou em Belo Horizonte o primeiro centro de pesquisas para a América Latina. Resumo da ópera: em quatro anos, mais de US$100 bilhões em investimentos, cem mil novos empregos e uma vitória esmagadora nas eleições. A fada não tem descanso.