A estrutura de participação dos diversos componentes do agronegócio brasileiro, em termos de valores e taxas percentuais, pode ser visualizada na Tabela 1 (veja arquivo em pdf). Em 2001, o PIB do agronegócio total atingiu R$ 344.954,5 milhões, representando 27,06% do PIB do Brasil, enquanto o PIB do agronegócio da agricultura, com R$ 238.037,2 milhões, representa 18,67% do PIB do Brasil e o da pecuária, com R$ 106.917,3 milhões, 8,39% do PIB total.
Nas estimativas do projeto CNA/CEPEA-USP, com relação ao agronegócio do Brasil, o valor total do PIB do agronegócio, em cada um dos seus complexos, é composto por: a) insumos; b) o próprio setor; c) processamento; e d) distribuição e serviços. Com relação a estes quatros componentes, tem-se que, no complexo do agronegócio da agricultura, as participações percentuais desses segmentos são respectivamente de 5,44%, 22,91%, 39,09% e 32,56%. Para o complexo do agronegócio da pecuária, os percentuais de participação registrados são 6,85%, 41,96%, 17,11% e 34,35%, respectivamente. Para o complexo do agronegócio total (agropecuária), as taxas são de 4,46%, 27,47%, 34,02% e 34,05%, respectivamente. Cabe salientar a alta participação do componente de serviços e de distribuição em todos os complexos, com uma taxa percentual acima de 30%.
Especificamente para a agricultura, o segmento que apresenta peso maior na composição do complexo é o de processamento, enquanto para a pecuária, o próprio setor é que possui uma maior participação no PIB (41,96%). Estes resultados refletem a maior diversidade do setor agrícola, que possui um grande número de indústrias processadoras, em relação ao setor da pecuária. A tendência do segmento a jusante, formado pelos setores industrial de base agrícola e de distribuição final, é de tornar-se o mais representativo no valor total da produção vendida ao consumidor, com forte predomínio sobre as relações agricultura/indústria, indicando um segmento altamente dinâmico e diversificado do sistema do agronegócio.
A trajetória da participação do PIB do agronegócio total no PIB do Brasil no período de 1994 a 2001 mostra que o PIB do agronegócio brasileiro representou cerca de 31% do PIB do Brasil, em 1994, apresentando tendência declinante no período em análise, chegando a uma participação de 27,06% em 2001, um dos valores mais baixos do período (Figura 1).
A Figura 2 apresenta a trajetória da participação do PIB do agronegócio da agricultura e da pecuária no PIB do Brasil no período de 1994 a 2001. Como pode ser visualizado, a participação do PIB do agronegócio da agricultura representou aproximadamente 22% em 1994, declinando para 18,67% em 2001. Em relação ao agronegócio da pecuária, a taxa percentual de participação no PIB brasileiro também oscilou negativamente até 1997, quando apresentou recuperação, atingindo, em 2001, o mesmo patamar de 1994, ou seja, 8,40%.
Considerando-se que o agronegócio é um segmento complexo que envolve os agentes dos setores primário (agricultura), secundário (indústria) e terciário (serviços), o montante do PIB vai oscilar em função da variação relativa dos seus componentes.
Apesar da retração da participação do agronegócio no PIB do Brasil, o montante do PIB do agronegócio vem crescendo em termos absolutos. A redução se dá principalmente pelo dinamismo dos outros setores e da abertura comercial que fazem com que o PIB nacional cresça mais rapidamente do que o PIB do agronegócio.
A Tabela 2 mostra a magnitude do complexo do agronegócio brasileiro. Os dados empíricos confirmam o papel fundamental que esse segmento tem desempenhado na economia nacional, respondendo, em média, por cerca de 29% do Produto Interno Bruto nacional. Esses resultados reafirmam a grande articulação entre os setores componentes do complexo do agronegócio brasileiro, refletindo a importância da atividade agrícola como setor de grande influência na estrutura produtiva da nação através dos altos efeitos de encadeamento a montante e a jusante.
Maria Cristina Ortiz Furtuoso
Professora doutora da Esalq/USP; Dra. pela Esalq/USP em Economia Aplicada.
Áreas de atuação: produto interno bruto do agronegócio; economia agrária; economia da alimentação e nutrição.
Joaquim José Martins Guilhoto
Professor associado da Esalq/USP; Ph.D. em Economia pela University of Illinois.
Áreas de atuação: modelagem econômica nos níveis nacional e regional; modelos econométricos de insumo-produto; aplicados de equilíbrio geral.