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A estratégia para o etanol

O etanol ganha a cada dia mais desta que no debate sobre o futuro energético do mundo. Os dois maiores produtores — Brasil e Estados Unidos — começam a definir uma parceria em relação ao produto, que deve ser reafirmada na visita que o presidente George W. Bush fará ao Brasil no mês que vem. Não é para menos. O produto está sendo considerado a principal solução à vista para a redução da dependência energética em relação ao petróleo, ao mesmo tempo em que apresenta vantagens ambientais de peso.

Até agora, os Estados Unidos avançam na produção de etanol a partir do milho e o Brasil utiliza a cana como matéria-prima. Mas os norte-americanos mostram cada vez mais interesse em ampliar sua presença no mercado utilizando a alternativa escolhida pelos brasileiros. Os dois países já anunciaram que farão um projeto piloto de produção de etanol no Caribe, em local a ser definido. E prometem acelerar negociações para aumentar a produção no nível da demanda que, se imagina, vai crescer em progressão geométrica nos próximos anos. Os acordos não estão acontecendo apenas entre governos. A iniciativa privada também procura cada vez mais definir parâmetros que permitam intensificar a produção de etanol.

Ao mesmo tempo, no entanto, começam a surgir pontos que também exigirão agilidade para evitar adiamento dos planos de expansão. Em relação à tecnologia para produção de etanol, por exemplo, já há várias iniciativas no Brasil que apontam para soluções importantes para elevar a produtividade. O País tem know-how nesse segmento, o que lhe dá vantagem em relação aos norte-americanos. É preciso saber, no entanto, de que maneira será administrada a questão das patentes, para que os brasileiros não acabem por perder essa vantagem. Também é preciso saber até que ponto esse entusiasmo dos Estados Unidos pelo etanol a partir da cana não pode significar, também, uma maneira de se aproximar do Brasil como aliado importante no continente, em um momento de ascensão de Hugo Chávez na região. Seja como for, seria desastroso para o País perder a larga vantagem que já detém nessa área, em que reúne todas as condições para se tornar líder mundial. É uma oportunidade única, e não se pode pensar em desperdiçá-la.