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À espera do reajuste, Graça defende investimento

Enquanto aguarda a decisão do conselho de administração da Petrobras, presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a nova metodologia de reajuste de preços dos combustíveis, a presidente da estatal, Maria das Graças Foster, disse ontem que a companhia precisa permanentemente continuar investindo.

A executiva também defendeu a gestão, o rigor e a disciplina ao cumprimento do plano de negócios 2013-2017. O documento, que prevê investimentos de US$ 236,7 bilhões (incluindo projetos em avaliação) no período, tem como um dos pilares a paridade de preços dos combustíveis com o mercado internacional.

“Os investimentos [socioambientais] precisam ser permanentes. [Para serem] permanentes, precisam de uma empresa que continue investindo”, afirmou a Graça Foster, durante o lançamento do programa socioambiental da Petrobras 2014-2018, no Rio de Janeiro. A iniciativa prevê investimentos de R$ 1,5 bilhão em ações sociais, ambientais e esportivas no período.

“Acredito na gestão da Petrobras, na gestão que a Petrobras imprime ao seu plano de negócios. Nós temos metas, indicadores. Nós buscamos disciplina de capital intensamente”, disse Graça. “Precisamos ser rigorosos na gestão para que todo esse investimento se transforme em riqueza para o povo brasileiro. Só a gestão, só a disciplina, é capaz de transformar dinheiro, recurso, em bem social”, completou.

Defendendo a integração social obtida a partir de políticas econômicas, Graça elogiou a presidente Dilma Rousseff, de quem é considerada pessoa de altíssima confiança. “É por isso que as classes ´C´, ´´D´ e ´E´ tanto se movimentaram e se ajustaram, nesse período, nesses últimos dez anos, de dedicação e de trabalho muito forte do nosso estimado presidente Lula e da nossa querida presidenta Dilma Rousseff”, disse a presidente da Petrobras.

Comenta-se que Dilma já teria aprovado o novo mecanismo de reajuste de preços, apesar de o ministro Guido Mantega não estar convencido sobre o tema.

A reunião do conselho de administração da Petrobras que irá analisar a nova fórmula de correção dos preços dos combustíveis está marcada oficialmente para 22 de novembro. Até lá, a presidente da estatal tem evitado falar com jornalistas em eventos, para não gerar expectativas no mercado com relação ao tema.

Questionada, porém, por jornalistas sobre a pauta da reunião extraordinária do conselho marcada para sexta-feira, Graça Foster afirmou que não será discutido o reajuste dos combustíveis nem a revisão do plano de negócios e gestão. Segundo ela, há “várias pautas”, sem mencionar o tema do encontro.

Uma dos assuntos da reunião pode ser a aprovação de um novo negócio dentro do plano de desinvestimentos da estatal, que prevê levantar US$ 9,9 bilhões até 2017. Apenas neste semestre, o conselho da Petrobras já se reuniu duas vezes para tratar da venda de ativos.

Na semana passada, o Valor informou que a Petrobras está negociando com a China National Petroleum Corporation (CNPC) a venda de seus ativos no Peru, por cerca de US$ 2 bilhões. Entre esses ativos, está a participação da estatal em um bloco onde a Repsol, operadora, encontrou reservas gigantes de gás natural.