Foi na década de 40, durante a 2ª Guerra Mundial, que o Brasil iniciou uma longa caminhada em busca da descoberta de combustível alternativo para manter em circulação sua frota rodoviária.
Assim, naquela época, desenvolveu pesquisas com uma espécie de lama, conhecida como Xisto Betuvenoso, mas foi no sistema de gasogênio que encontrou uma solução paliativa para viabilização do uso daquela frota. Com o fim a 2ª Guerra Mundial, novamente jorrou petróleo á vontade e a gasolina e o diesel assumiram suas funções.
Tudo foi bem até o anúncio da Guerra Irã X Iraque, quando o petróleo ficou escasso e a busca por solução alternativa teve início.
Mais uma vez o Brasil ocupou lugar de destaque no cenário mundial, desta vez com o desenvolvimento da tecnologia para uso do álcool hidratado como substituto direto da gasolina.
As coisas correram normalmente, o Centro Técnico Aeroespacial comandou as pesquisas em parceria com o setor de retíficas de motores e já em 1978 o Brasil contava com uma frota de veículos movidos a álcool, de mais de 50 mil veículos, cujo total em 1982 já atingia 2 milhões e no auge, em 85, próximo de 5 milhões.
Um fato que merece especial atenção, foi a facilidade em assegurar o abastecimento dessa frota, rapidamente foi disponibilizado aos usuários, o abastecimento daquele combustível por todo o território nacional. Tal procedimento foi possível pelo fato de que quase na totalidade dos postos de gasolina existe mais de um tanque, e assim para que o posto fornecesse álcool, bastava fazer um simples revestimento em um dos tanques e a substituição de alguns retentores e juntas da bomba e já estava pronto para abastecer.
O mesmo não ocorre hoje com o programa de substituição que oferece o gás como combustível, pois só no abastecimento o programa encontra um obstáculo, pois exige do proprietário do posto um investimento da ordem aproximada de R$ 800.000,00, além de adaptações em obra civil, o que tem dificultado a adesão de um número maior de postos e consequentemente desconforto no abastecimento.
Por outro lado, na adaptação de um motor a gasolina para o uso do álcool, praticamente as modificações eram feitas tão somente no motor e tinham um custo calculado pelo valor do quilometro rodado, garantindo o retorno do investimento a um usuário de , de 150 Km dia, ao fim de seis meses , enquanto que no caso do gás, em que pese ser o gás um combustível extraordinário, as modificações são mais onerosas e o retorno do investimento nas mesmas condições prevê um período de 10 a 12 meses para o retorno, além da perda de espaço no porta malas e possível reforço que se deva fazer na suspensão traseira.
A conclusão a que podemos chegar, é que os dois combustíveis são interessantes e que cada um deles tem sua faixa de usuários indicados.
Assim, há espaço para as duas alternativas e o Brasil continuará pesquisando no aperfeiçoamento destas, assim como buscando outras.
Geraldo Luiz Santo Mauro, diretor do Sindirepa
(Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo).