O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, defendeu no discurso anual perante o Congresso a redução da dependência americana do petróleo e o desenvolvimento de fontes de energia renovável, entre as quais está o etanol.
“A América é viciada em petróleo”, disse Bush, para lembrar em seguida que parte do suprimento do produto depende de regiões “instáveis”. O presidente propôs a ambiciosa meta de reduzir em 75% as importações de petróleo do Oriente Médio até 2025 e de superar a era das economias baseadas no combustível fóssil.
À primeira vista, o diagnóstico e a estratégia traçados por Bush parecem uma ótima oportunidade de negócios para o Brasil, que domina desde os anos 70 a tecnologia de utilização do etanol como combustível e é hoje seu maior produtor mundial.
Mas, a julgar pelo restante da fala de Bush, os produtores brasileiros vão de novo esbarrar no muro de protecionismo com que Washington costuma cercar seus agricultores. O presidente dos EUA fixou seis anos de prazo para que seu país desenvolva etanol “competitivo”, algo que o Brasil já possui.
Como notou o jornal “The New York Times”, Bush não incluiu nas suas propostas o corte de tarifas para importação de etanol do Brasil e optou pela solução “doméstica”.
A intenção dos americanos é elevar sua produção anual de 14 bilhões de litros para 30 bilhões de litros até o fim desta década. Os EUA cobram US$ 0,54 de tarifa sobre a importação de cada galão de 3,8 litros de etanol para proteger um setor ineficiente. Isso equivale a um adicional de 25% sobre o preço do produto.
A competitividade brasileira salta aos olhos. Na comparação com a extração feita da cana, a produção do combustível a partir do milho, comum nos EUA, demanda cinco vezes mais energia para gerar a mesma quantidade de litros de álcool.
Há um grande mercado para o etanol que se abre nos EUA, mas, para que aproveitem a oportunidade, os exportadores e o governo brasileiros terão de negociar com Washington e no âmbito da OMC a fim de vencer as barreiras ao álcool combustível.