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A água no solo e os ambientes de produção de cana-de-açúcar

Os componentes dos ambientes de produção são: em primeiro lugar, a água complementado pela profundidade, textura, declividade e fertilidade dos diversos solos.

Se a água no solo não fosse um componente decisivo nos ambientes de produção de cana-de- açúcar seria impossível explicar tantos casos interessantes que observamos no Projeto Ambicana e nos ensaios das variedades de cana-de-açúcar no Programa Procana, ambos do IAC. Identificamos Latossolos eutróficos (alto potencial nutricional abaixo da camada arável) e enquadramos em 3 diferentes ambientes de produção, ou identificamos Latossolos ácricos (baixo potencial abaixo da camada arável) e enquadrados em 2 ambientes de produção, ou ainda, encontramos solos mesoálicos (muito baixo potencial nutricional abaixo da camada arável) e enquadrados em 2 diferentes ambientes de produção!

Se alguém considerasse uma outra ordem de importância dos componentes dos ambientes de produção do que a acima citada poderia-se imaginar um solo com altíssima fertilidade e ao mesmo tempo com textura argilosa, mas sem apresentar adequada disponibilidade hídrica.

Esse solo poderia representar o mais favorável ambiente de produção (A1)

A regra geral é que os Argissolos (anteriormente classificados com Solos Podzólicos Tb) e com o horizonte B relativamente próximo da superfície (40-60cm de distância) disponibilizam água por mais tempo do que os Latossolos, considerando-se a mesmas condições de clima.

Outro aspecto interessante é que um mesmo solo pode representar diferentes ambientes de produção dependendo do número de dias de secas onde ocorrem nas diferentes regiões.Com base nessas considerações apresentamos os casos que observamos no campo:

Sob o mesmo nível de manejo identificamos Latossolos eutróficos e argilosos na região de Maracaí (SP) com produtividade suficiente para o ambiente mais favorável (A1), esse mesmo solo com produtividade suficiente para o ambiente B1 na região de Guaira (SP) e para o ambiente C2 na região de Goianésia (GO).

A única diferença, portanto, é a disponibilidade hídrica desse 3 locais, pois o solo pedológicamente é o mesmo: disponibilidade hídrica mais freqüente na região de Maracaí do que de Guaíra, que por sua vez mais freqüente do que em Goianésia.

Outro exemplo: Latossolos ácricos muito argilosos com produtividade suficiente para o ambiente D1 na região de Guaira (SP), e num ambiente muito mais restritivo (E2) na região bem mais seca como Goianésia (GO).

Esses exemplos mostram que na disponibilidade de água não existe só o fator quantitativo, calculado com base na amostra de solo coletada nos anéis volumétricos (no início comparamos Argissolos x Latossolos), mas também da freqüência das chuvas.

Mais interessante fica o assunto como observado na usina Ferrari de Porto Ferreira (SP): Argissolos mesoálicos (baixo potencial nutricional) enquadrados no ambiente muito favorável (A2) unicamente beneficiado pela disponibilidade adequada, já que possui o horizonte B perto da superfície disponibilizando água para a cana-de-açúcar por um período considerável. Ao contrário, os Latossolos mesoálicos ressecados de outras regiões possuem produtividades suficientes para o ambiente mais restritivo (E2). Portanto, novamente a diferença entre esses solos é o fator água.

Casos práticos como esses enriquecem os estudos sobre os ambientes de produção de cana-de-açúcar e fortalecem as pesquisas inter institucionais.

Para maiores detalhes sobre solos pode-se consultar o site www.pedologiafacil.com