O Projeto de Lei (PL) 1.013/2011, que libera a fabricação e a venda de carros de passeio a diesel no Brasil, poderá ser aprovado nesta semana numa comissão especial da Câmara, de onde irá diretamente para o Senado.
Executivos e representantes de instituições ligadas a unidades fabricantes de etanol, de consumidores, de meio ambiente e jurídicas lançaram críticas contra o PL do carro a diesel.
O Portal JornalCana lista abaixo 7 dessas críticas, devidamente embasadas por seus autores.
Confira a seguir:
1
O Brasil precisa se unir em torno da descarbonização da economia, com a redução da emissão dos gases do efeito estufa, e a aprovação desse projeto seria um retrocesso neste sentido. O país precisa incentivar os combustíveis limpos e renováveis, como o etanol, que reduz em 90% as emissões de gases do efeito estufa e contribui para diminuir o aquecimento global. Uma legislação como essa vai contra, segundo ele, tudo que foi dito na COP 21, em defesa das energias renováveis e do meio ambiente [Mário Campos, presidente da Siamig, instituição representativa das indústrias de etanol de Minas Gerais]
2
Se aprovado, o projeto causará também danos à saúde pública, liberando no país veículos altamente poluentes, que vêm sendo condenados nos países desenvolvidos (as cidades de Paris e Londres, por exemplo, anunciaram que esses carros serão banidos de suas ruas em 2020)
3
E prejudicará a economia, forçando o país a importar mais óleo diesel e encarecendo o transporte de cargas
4
Deveríamos estar discutindo como viabilizar um combustível renovável em substituição ao diesel, e, não o oposto. Os veículos leves a diesel concorrerão diretamente com os automóveis flex e, portanto, com o etanol. Sem falar que se trata de uma barreira a mais para o avanço da eletricidade no setor de transportes. [André Ferreira, diretor-presidente do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente), organização integrante do Observatório do Clima]
5
O projeto de lei traz risco potencial de dano à saúde de milhões de habitantes de metrópoles brasileiras. Os veículos a diesel são as principais fontes de compostos como particulados finos e óxidos de nitrogênio e enxofre, que causam problemas sérios de saúde. Deveríamos discutir como ampliar o transporte coletivo e reduzir o uso de diesel, mas o projeto propõe o inverso: mais transporte individual e mais diesel. Ou seja, mais congestionamento, ar mais poluído e, potencialmente, mais mortes precoces. [Paulo Saldiva, médico e diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP e um dos maiores especialistas do Brasil em poluição atmosférica urbana]
6
O Brasil não tem políticas suficientemente robustas para mitigar os impactos ambientais dos carros a diesel. Antes de considerar a suspensão das restrições de carros a diesel, a União deveria implementar outras medidas que visam proteger a saúde e qualidade do ar provocadas pelas fontes energéticas já existente, como gasolina, álcool e o próprio diesel em veículos leves comerciais e veículos pesados. [Cláudio Considera, presidente do Conselho Diretor da Proteste Associação de Consumidores]
7
Há um risco adicional na proposta – o da credibilidade internacional do Brasil. A aprovação na comissão da Câmara de Deputados do PL do diesel será um grave retrocesso em relação aos compromissos assumidos pelo Brasil na COP21. O Brasil tem a oportunidade de ser um dos líderes da agenda do clima com preservação e inclusão social, mas decisões como esta trarão insegurança e colocarão em risco os investimentos e empregos na direção da economia de baixo carbono. [Jorge Abrahão, diretor-presidente do Instituto Ethos]