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38% das exportações são feitas...

A conclusão do estudo – que usa um indicador de preço em real percebido pelo exportador com base na multiplicação do índice de câmbio real e do índice de preço das exportações em dólar – é de que o desempenho comercial brasileiro é dependente das condições favoráveis de preços internacionais das commodities e insumos básicos. “A sustentação dos atuais patamares de preços das exportações é um tanto quanto frágil, pois o atual movimento de preços de commodities é normalmente passageiro e, quando estes iniciarem um processo de reversão, a tendência seria uma rápida deterioração das receitas de nossas exportações”, afirmou Francini.

Quando se considera os setores exportadores com mercado favorável, o levantamento indica que cerca de 82% do valor adicionado se encontram em setores de média e baixa intensidade tecnológica – conceito que segue a classificação da OCDE –, entre eles a indústria extrativa mineral e extração de petróleo e gás. Apenas 5,8% são de alta tecnologia e estão integralmente inseridos em mercados desfavoráveis e sem margem.

Francini destacou que os setores com mercado externo desfavorável são justamente os que empregam a maior parte dos trabalhadores (80,6%, ou 17,334 milhões de indivíduos). “À medida em que estes setores têm piores condições de exportação, menor o impacto das vendas externas no crescimento do emprego”, avaliou. Ele afirmou ainda que os mesmos fatores que prejudicam a competitividade das exportações brasileiras favorecem a entrada de importados, ampliando os efeitos negativos do câmbio no emprego, principalmente na indústria de transformação. O que ocorre com o mercado de trabalho também vale para o PIB, diz Francini.

“O controle da inflação estava garantido pelo câmbio e essa valorização do real foi amplificada pela política monetária a ponto de prejudicar o PIB. Um baixo crescimento econômico inibe o equilíbrio natural (cambial e de preços) que seria promovido pelo crescimento das importações, necessário para calçar o crescimento da economia”, resumiu.

O estudo da Fiesp considera setor com mercado externo favorável aquele com nível de preço em real, no segundo trimestre de 2006, pelo menos 10% maior que a média de 2000 a 2006 e tendência de preço em ascensão, ou seja, maiores que os praticados no segundo trimestre de 2004. Aqueles com nível de preço em real no segundo trimestre de 2006 pelo menos 10% maior que a média, mas com tendência de declínio formam o grupo de exportadores com mercado externo desfavorável com margem para sustentar as exportações. Por último foram considerados setores com mercado externo não favorável e sem margem aqueles que apresentam preço, no segundo trimestre deste ano, 10% menor que a média e tendência de declínio, ou seja, preços no segundo trimestre de 2006 abaixo dos praticados no segundo trimestre de 2004.

No primeiro grupo figuram indústria de açúcar, metalurgia de não-ferrosos, indústria do café, extrativa mineral, extração de petróleo e gás, refino de petróleo e elementos químicos (que inclui álcool). No segundo grupo estão siderurgia, outros produtos metalúrgicos, madeira e mobiliário, abate de animais, indústria de laticínios, indústria da borracha, beneficiamento de produtos vegetais, calçados, máquinas e tratores e material elétrico. E por último, em situação mais grave, químicos diversos, farmacêutica, artigos de plástico, automotiva, produtos alimentares, minerais não-metálicos, indústria têxtil, artigos do vestuário, agropecuária, papel e gráfica, fabricação de óleos vegetais, outros veículos e peças e equipamentos eletroeletrônicos.