O último censo do IBGE, comprova que 14% da população brasileira possui algum tipo de deficiência; e no Brasil, a estimativa é de que existam 27 milhões de PcD´s (pessoas com deficiências); onde 67% estão em idade ativa para o trabalho (com idade entre 15 e 29 anos);- 73% têm menos de oito anos de estudo; o país apresenta mais de 240 mil vagas abertas para PcD´s; e somente na região noroeste paulista, há cerca de 13 mil PcD`s. Esses números e a necessidade de formação de mão de obra qualificada para as usinas, despertou na Biocana – Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Energia, a necessidade de promover o I Seminário de Inclusão Social Biocana/SENAI de Itu, que reuniu mais de 100 pessoas no anfiteatro do SENAC de Catanduva, na última sexta-feira, (3/6). Entre elas, autoridades políticas de todo o noroeste paulista, representantes de entidades de classe, empresas e instituições ligadas aos direitos das pessoas com deficiência (PcDs), além de profissionais de Recursos Humanos e Assistência Social.
Segundo a secretária de Cultura de Catanduva, Adriana Bonjovani, as usinas estão sempre em consonância com a sustentabilidade. “Precisamos deste tipo de exemplo para avançarmos ainda mais na luta em prol da promoção não só da inclusão no mercado de trabalho, mas também para garantir maior acesso à cultura, educação, ao lazer e à cidadania a estas pessoas”, avaliou Adriana.
O prefeito de Ariranha, Joamir Roberto Barboza, destacou que na região, as usinas têm feito sua parte. “Acredito, que juntos, o trabalho fica mais fácil e é preciso começar a construir hoje um futuro melhor para estas pessoas que têm algum tipo de deficiência”, comentou o prefeito.
A abertura oficial do seminário foi feita pela diretora-presidente da Biocana – Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Energia, Leila Alencar Monteiro de Souza, que disse que a “inclusão social” já vem sendo discutida e colocado em prática há muito tempo nas usinas associadas. “As empresas, sob a coordenação da Biocana, trabalham este assunto no sentido de promover a inclusão de fato e de direito de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, garantindo a qualificação necessária a esta mão-de-obra, afim de que estes profissionais possam ter equidade de oportunidades e de tratamento em seus empregos”, destacou a presidente, que também apresentou ao público o projeto de inclusão desenvolvido pela Biocana e suas associadas desde 2007 em parceria com o SENAI de Itu.
Ela informou que o trabalho está bem avançado e foram executadas cinco etapas. Entre elas, a identificação de postos e áreas de trabalho que possam receber pessoas com deficiências, sensibilização de funcionários da empresa para o trabalho com PcD´s (visual, auditiva, mental, física ou múltipla) e o levantamento espacial de PcDs, que identificou uma população de cerca de 13 mil pessoas na região. A próxima etapa é a capacitação profissional da PcD.
A segunda palestra do seminário foi comandada pelo gerente de recursos humanos do Grupo Aurélio Nardini e presidente do Gerhai (Grupo de Estudos em RH da Agroindústria), Mauro de Jesus Garcia. “O maior desafio é recrutar estes profissionais, e encaixá-los na definição de deficiência da lei, que é complexa. Entretanto, estamos fazendo a nossa parte para garantir a qualidade de vida e o desenvolvimento profissional destes cidadãos”, comentou Garcia.
O público presente ao seminário também pôde conhecer a experiência do SENAI de Itu, referência mundial em qualificação de PcD`s. O diretor da entidade, professor Helvécio de Oliveira disse que estão sendo investidos R$ 8,5 milhões em pesquisa, importação de equipamentos, treinamentos e transferência de tecnologia para entidades e escolas públicas que trabalham a educação inclusiva.
Para encerrar o seminário, foi apresentado o case do município de Catanduva, que tem um programa específico de inclusão social, coordenado pelo professor Francisco Domingues Neto, o último palestrante do seminário. “São grandes avanços e queremos muito mais. Ainda discutimos a gratuidade de passagem de ônibus também para familiares de deficientes. O que queremos é oferecer mais oportunidades para estas pessoas e incluí-las realmente na sociedade”, finalizou Francisco Neto.