Com a redução da estimativa de produção de açúcar na Índia, e produções menores da Tailândia e Europa, a perspectiva de déficit mundial do alimento se consolida. “O reflexo do déficit é a sinalização da necessidade do açúcar indiano pelo mercado global, que faz com que os preços busquem os patamares para que as exportações fiquem viáveis para sair do país. Neste cenário, a tendência é de preços firmes, acima da paridade de exportação da Índia que hoje está em cUSD 15,5/lp”, analisa o Itaú BBA em seu relatório AgroMensal divulgado recentemente.
Segundo o levantamento, o foco no momento volta-se para o desenvolvimento da safra da Índia, que encontra se adiantada, e como se desenvolverá as exportações de açúcar pelo país e qualquer mudança no cenário pode impactar diretamente os preços.
Já no Brasil, o relatório indica alguns fatores importantes que devem ser acompanhados, como a evolução das chuvas, necessárias para o desenvolvimento das soqueiras que sofreram com os meses secos de 2020. Também, o plantio de 18 meses para acompanhar o processo de renovação do canavial e o consequente impacto na área disponível para colheita em 2021/22, e, por fim, o volume de fixações para safra 2022/23, pois a safra 2021/22 já se encontra com fixações adiantadas. “Para as usinas que ainda não fixaram, os preços em reais por toneladas continuam em patamares favoráveis”, informa a instituição.
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Um ponto de atenção neste cenário continua sendo a elevada posição líquida comprada pelos fundos especulativos (219 mil lotes) já que uma possível reversão na esteira da realização de lucros pode derrubar as cotações.
No caso do etanol, o Itaú BBA relata que em Paulínia (SP) o preço do hidratado fechou janeiro em R$ 2,12/l representando alta de 0,9% em relação à última semana de dezembro. Durante o mês, as distribuidoras entraram no mercado para recomposição dos estoques pós festas de final de ano, porém os volumes de negociação foram realizados com cautela, dada a ameaça de redução de consumo com as medidas restritivas mais duras com a piora da pandemia.
Já na última semana de janeiro, também ocorreu a divulgação do consumo de combustíveis pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) referente ao mês de dezembro.
A demanda de etanol hidratado foi de 1,9 bilhão de litros, representando um aumento de 13,6% comparado com nov/20 e redução de 9,4% em relação ao mesmo período de 2019.
No acumulado do ano, a demanda pelo produto foi14,6% inferior aos níveis de 2019, mesmo com a recuperação do consumo no segundo semestre de 2020.
Em relação aos preços da gasolina, o relatório lembra que, com o aumento das cotações internacionais do petróleo, a Petrobras realizou dois reajustes no preço da gasolina A nas distribuidoras, em +7,9% e +5,0% durante o mês. Na bomba, o preço da gasolina C saiu de R$4,22/l para R$4,34/l, alta de 2,9% comparado com a última semana de dezembro no estado de São Paulo.
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“No etanol por sua vez, a subida foi menor, de R$3,02/l para R$3,05/l, alta de 1% comparado com dez/20. Com isso, a paridade voltou para 70,2% na bomba, e existe espaço para o etanol subir”, afirma o banco.
O levantamento considera ainda que, outro ponto importante é que parte do aumento da gasolina A nas refinarias ainda não foi repassado para a bomba pois o último reajuste foi realizado dia 26/1, além disso, ainda há defasagem no preço da gasolina A versus as cotações do mercado internacional e há a expectativa de nova alta pela Petrobras.
“Caso haja um novo aumento de preço nas bombas sobre a gasolina C, a tendência é que o etanol acompanhe a alta e mantendo a paridade próxima aos 70%, devido ao volume restrito do produto para se manter durante a entressafra”, conclui.