“Quer juros mais baratos? Então use defensivos biológicos, faça sequestro de carbono, ofereça melhores condições aos seus trabalhadores, recupere áreas degradadas. Vamos educar e fazer a nossa agricultura ainda mais sustentável“, destacou Carlos Ernesto Augustin, assessor especial do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), que propõe a investidores juros diferenciados mediante compromisso socioambiental.
Os programas desenvolvidos pelo Governo Federal para o setor do agronegócio, foram apresentados pelo MAPA, durante a XP Agro Conference, realizada na quarta-feira (1º), em São Paulo.
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Durante o evento tratou-se da proposta que está sendo desenvolvida pelo ministro Carlos Fávaro para a transformação de pastagens degradadas em áreas produtivas com compromisso socioambiental.
Nos últimos cinco anos, a agricultura tem registrado crescimento de cerca de 1,5% ao ano em área de plantio. Com o programa de recuperação de pastagens, há a possibilidade de aumento de até 2 milhões de hectares anualmente. “Diferentes taxas de juros para diferentes comprometimentos sociais e ambientais. Esta é a frase em torno da qual a gente tem que equacionar como fazer e mostrar ao mundo a nossa agricultura sustentável“, explicou aos investidores, Augustin.
Ao longo da conferência, produtores e investidores conversam para ampliar a participação do agro em instrumentos financeiros para bancar o custeio da atividade.
Nos últimos três anos, o agro conseguiu captar cerca de R$ 90,5 bilhões no mercado de capitais, sendo a emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) o mais utilizado pelo setor, com R$ 67,5 bilhões.
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À primeira vista, o montante parece expressivo, mas a participação equivale a 5% do total das operações, segundo o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento. “Há um número gigante de excluídos do agro do mercado de capitais”, reforçou Nascimento, durante a XP Agro Conference.
O dirigente afirmou que a autarquia vem trabalhando em iniciativas que descentralizem e democratizem o acesso dos investidores do varejo a esses instrumentos, como o Open Capital Markets, que deverá permitir a transferência de custódia de fundos entre instituições, como Fiagros, sem a necessidade de liquidação da posição.
Na visão do presidente do conselho da XP Inc., Guilherme Benchimol, há potenciais para além dos CRAs, especialmente em Fiagros e ofertas públicas iniciais de ações (IPO, em inglês).
“Os CRAs são uma realidade, temos potencial do Fiagro, mas ainda precisamos criar uma avenida para conectar o agro à Faria Lima e escoar capital para essa atividade tão importante”, disse o chairman da XP.