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Mercado externo paga mais pelo açúcar

As mudanças nos fundamentos do mercado internacional de açúcar deram novo fôlego aos negócios do produto brasileiro no exterior. “As exportações estão 10% mais remuneradoras do que as vendas fechadas no mercado interno”, afirma Júlio Maria Martins Borges, diretor da Job Economia e Planejamento.

Desde o mês de maio, início da safra 2004/05 no Centro-Sul do país, as exportações ficaram mais atraentes. Na segunda quinzena de junho, contudo, os prêmios para exportação começaram a cair, diminuindo a diferença entre a comercialização doméstica e externa. A vantagem para exportação voltou a ser mais atraente desde o início de julho, provocada pelo processo de descolamento dos preços do açúcar no mercado interno e externo, observa Martins Borges.

No mercado interno, os preços também continuam firmes, mas têm perdido o fôlego com a regularização do processamento da cana no Centro-Sul. Nas últimas semanas, a moagem voltou a se intensificar por conta do fim das chuvas sobre os canaviais. “O produtor brasileiro está priorizando as exportações do açúcar de melhor qualidade”, diz. Os sinais de mercado indicam que os preços na bolsa de Nova York deverão continuar altistas no segundo semestre deste ano. Neste mês, as cotações internacionais acumulam valorização de 11,3%. No ano, subiram 51%.

Esta situação otimista para os preços é a considerada pelo setor e analistas a principal surpresa do ano, uma vez que as expectativas, até o primeiro trimestre, eram de preços mais baixos ao longo de 2004, provocados, sobretudo, pela nova safra recorde de cana no Brasil. O país ainda deverá registrar uma produção recorde, mesmo com as chuvas. Contudo, outros importantes países produtores de açúcar, como Índia, Tailândia e Europa, vão reduzir a oferta do produto nesta safra. “A safra de açúcar da Índia e da Tailândia será menor por conta do clima”, afirma Júlio. Na União Européia, a produção será igual a da safra passada.

“A maior demanda pelo álcool brasileiro no mercado internacional deverá direcionar a produção da cana para o combustível, reduzindo a participação do açúcar nesta safra”, afirma José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente do grupo J. Pessoa.

Para Manoel Fernando Garcia, presidente da S/A Fluxo, há uma expectativa de que a oferta e a demanda da safra mundial 2004/05 seja equilibrada, sem registro de superávits como nos últimos anos. “Em 2005/06, a estimativa é de que haja déficit entre 2 milhões e 6 milhões de toneladas, com a redução dos estoques mundiais”, afirma. As apostas, segundo ele, são de que as cotações superam os 10 centavos de libra-peso em Nova York. No final do ano, a previsão era de que oscilassem entre 5,5 e 6 centavos.

Com a recuperação dos preços internacionais, sobretudo a partir de maio, e as perspectivas altistas para 2005, estão levando as usinas empresas a intensificar as fixações de preços dos contratos de exportação de açúcar. Até 60% desses contratos já estavam comprometidos até o início desta nova safra, segundo dados da Job. No mesmo período do ano passado, apenas 30% estavam comprometidos.

Segundo João Carlos Hopp, vice-presidente de gestão de risco da Coimex, as usinas só haviam antecipado os contratos de exportação. Agora começaram a fixar os preços com a valorização na bolsa de Nova York.

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