Mercado de etanol tem paradoxo, diz Soros
O megainvestidor George Soros – que promete aplicar US$ 900 milhões nos próximos seis anos na construção de três novas usinas de etanol em Mato Grosso do Sul – afirmou ontem, em São Paulo, que o mercado mundial de etanol vive um paradoxo. Há excesso de oferta de etanol no Brasil, enquanto há fome de biocombustível no mundo inteiro, observou.
No Brasil, o setor sucroalcooleiro prevê a produção de 18,5 bilhões de litros este ano. Cerca de 3,2 bilhões serão exportados. A expectativa é de que o consumo interno absorva pouco mais de 15 bilhões de litros.
Soros, um dos investidores da Adecoagro, fabricante e exportadora de usinas de etanol,participou ontem do último dia do São Paulo Ethanol Summit 2007, encontro que discutiu o novo papel do etanol no mundo.
Segundo o megainvestidor, EUA e Europa adotaram uma posição equivocada ao manter barreiras tarifárias para o ingresso de etanol brasileiro nesses mercados. Diante disso, sugeriu que o Brasil mantenha uma posição firme contra os sistemas de proteção tarifária de produtores de etanol desses mercados e insista na retirada dessas barreiras.
Ele reforçou as vantagens energéticas do etanol de cana em relação aos demais competidores no mercado mundial, principalmente em relação ao etanol de milho e alertou: A menos que Europa e Estados Unidos abram seus mercados, há sim um excesso de oferta de produção no Brasil. Na perspectiva de investidor, Soros afirmou que essa situação preocupa. Como especulador, afirmou, precisa valer a pena um grande investimento.
CHÁVEZ
Sobre Hugo Chávez e suas críticas ao etanol, Soros disse: Chávez é um revolucionário bolivariano que se sustenta do petróleo. Usa a diferença entre US$ 20 e US$ 60 em cada barril que vende. E isso está à sua disposição para sua revolução bolivariana, ele não quer o etanol.
Soros provocou risadas quando falou sobre sua habilidade de prever tendências para moedas. Sobre a valorização do real ante o dólar, afirmou: Posso prever o futuro das moedas, mas não posso revelar esse futuro. Ele disse que o câmbio no Brasil não provocou perdas aos seus investimentos. Os investimentos no Brasil têm seguido bem, garantiu. A.B.
