Mercado de cana busca equilíbrio na gangorra de preços

O mercado de fornecimento de cana já teve dias melhores nessa safra. No início, em abril e maio, mantinha o preço médio de R$ 35,00 por tonelada. Com a demanda alavancada pela necessidade de aumento da produção de álcool, chegou a ser comercializada, extra-oficialmente, por valores que giraram em torno de R$ 40,00. Clientes não habituais dos produtores de cana – que costumam atender, prioritariamente, destilarias e usinas de açúcar e álcool – encontraram maiores dificuldades para adquirir o produto. A Cia Müller de Bebidas, fabricante da Caninha 51, de Pirassununga (SP), por exemplo, chegou a comprar cana por um preço acima do mercado, admite o consultor de comunicação da empresa, Pyr Marcondes, sem revelar, no entanto, o valor que é definido por uma “negociação sigilosa”.

Segundo ele, a compra com preço acima de mercado foi de pequena quantidade e teve a finalidade de suprir as necessidades de produção da Cia. Müller que registra aumento das suas vendas tanto no mercado interno como externo. Líder do setor no Brasil com 33% das vendas, a Müller exporta 5% de sua produção. “A empresa tem cana própria e pretende tornar-se auto-suficiente, no máximo, até 1.995”, diz. De acordo com ele, essa instabilidade no fornecimento de cana, que provoca um leilão de preço alto, não é interessante para a Cia. Müller. Essa oscilação desagrada, também, os produtores de cana, principalmente quando a variação negativa torna-se persistente. “Em junho, o preço estava em R$ 32,00 por tonelada. No mês de julho, já tinha gente vendendo por R$ 30,00”, observa José Coral, presidente da Associação de Fornecedores de Cana de Piracicaba — Afocapi. “Essa safra está parecida com a do ano passado. A previsão é de produção 5% maior e quebra de ATR. Logo no início, o produtor chegou a cortar cana verde para atender o mercado, o que torna-se prejudicial”, analisa.

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