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Mercado de Açúcar – Comentário Semanal

Para quem achava que qualquer substancial subida nesse mercado parecia estar destinada a ter vida curta, a semana foi surpreendente. É sempre assim: mercados sobem quando ninguém espera e estão todos baixistas e caem quando ninguém espera e estão todos altistas. Parece que foi isso que ocorreu.

Fechamos a semana com ganhos de até 17 dólares por tonelada e uma fenomenal apreciação do spread Julho/Setembro pagando premio adicional de quase 6 dólares em comparação com a semana passada, alimentada por cobertura de posição vendida a descoberto e novas compras por parte de fundos. A velha história de buscar o último centavo de lucro. Pode também ser a percepção do mercado de que pode haver atraso da moagem ou menor disponibilidade de açúcar do que anteriormente antecipado, somando-se por último – mas não menos importante – preços mais firmes no mercado interno russo o que antecipa a compra de açúcar, e comentários de compra por parte dos chineses. O principal – e isso é uma boa notícia – é que pode se estar confirmando com a performance dessa sexta-feira, o estabelecimento de que a baixa do mercado já foi registrada. Não existem mercados que só sobem nem mercados que só caem. Será que já vimos a baixa?

Falamos aqui na semana passada que ninguém ganha nada ao embarcar no pânico excessivo que o mercado viveu nas ultimas semanas. Muito embora custo de produção NÃO signifique suporte para a safra que se está colhendo, ele pode afetar a safra seguinte. E eis aqui um ponto que precisa ser muito bem observado. Já se fala em falta de tratos para 2008/2009, fenômeno semelhante ao ocorrido com a safra de 1999/2000 em que tivemos os preços mais baixos de açúcar e um ano depois, em função do abandono das lavouras e conseqüente redução da produção, uma reação para acima de 11 centavos de dólar por libra-peso. O mercado tem memória e sabe quando se chega ao limite.

A análise fria dos fundamentos se não nos deixa tão otimistas, pelo menos faz-nos pensar e estabelecer parâ metros. Por exemplo, o que pode dar suporte aos preços atuais é o raquitismo do dólar em relação ao real. Se o dólar vai cair “até onde se vê no horizonte”, conforme disse o preclaro economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, então os preços internos podem fazer o caminho inverso e temporariamente balizar o mercado internacional. Para combater a queda do preço do álcool no mercado interno, a estatal brasileira do petróleo poderia incentivar o consumo do mesmo via correção dos preços na bomba para baixo. Não houve redução do preço do álcool para o consumidor apesar de um mercado interno frágil. Não fosse a estatal uma grande anunciante da mídia, esta certamente já estaria questionando porque o álcool não muda de preço na bomba do posto se na usina continua derretendo. Quando os usineiros seguram legitimamente seus estoques para vendê-los a melhores preços, grande parte da cobertura jornalística passa a ter outro enfoque. Só não vê quem não quer.

Produtores devem ficar de olho no mercado e atentos para não perderem oportunidades de ir construindo pouco a pouco uma estrutura de hedge competente. Segunda-feira é feriado em Londres e Nova York, um bom momento para fazer contas e não se deixar enganar com sinais errados. Consumidores no mercado interno há muito deveriam fixar seus níveis de compra o mais longe na curva possível, pois essa oportunidade pode passar e vão ficar lambendo as feridas.

Uma boa semana para todos

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