Melhora a produtividade na indústria
Há uma certa tentação de comparar dados comuns dos dois levantamentos, o que pode levar a algumas decepções no que se refere aos dados mensais: o IBGE registra um crescimento industrial (em volume)de 0,2%, de março para abril, enquanto a CNI apresenta um resultado (em faturamento real) de 1,6%. A diferença se explica, além do número de empresas inscritas no levantamento, pelo fato de a CNI não incluir a indústria extrativa no seu estudo e levar em conta o faturamento real (deflator IPA da FGV). Isso pode criar grandes diferenças de mês a mês: por exemplo, enquanto o IBGE dá um crescimento de 7,2% para o refino de petróleo e álcool, a CNI apresenta uma queda de 4%; ao contrário, na indústria têxtil, a queda é de 0,2% para o IBGE e de aumento de 7,3% para a CNI. São diferenças que certamente se explicam pela evolução da taxa de inflação. No entanto, para períodos mais longos, os dados aproximam-se: em relação ao mesmo mês do ano passado, para um crescimento de 10,1% no IBGE, na CNI há um aumento de 11,7%.
O levantamento da CNI contém dados que o IBGE não divulga ou o faz com grande atraso. Entre eles, os da UCI, que os membros do Copom acompanham com muita atenção, preocupados em saber se a produção poderá atender a uma demanda crescente, sem pressões inflacionárias. Em termos dessazonalizados a UCI passou de 83,1% em março para 83,2% no mês seguinte. Uma piora que não nos parece preocupante, independentemente do que o Copom pensou na sua decisão de ontem.
Merecem consideração outras informações da CNI, como as horas trabalhadas, que tiveram em abril aumento de 1,1% (dados dessazonalizados), o que permite melhor utilização dos equipamentos existentes, e que foi acompanhado por uma elevação de apenas 0,2% do emprego, sinalizando um aumento da produtividade que merece ser levado em conta pelas autoridades monetárias nas suas análises.
Os dados da CNI confirmam que não está havendo retração da atividade industrial no País. A única preocupação que se pode ter é que eles parecem indicar um fortalecimento da inflação que se reflete no faturamento real.
