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Melhor transporte ainda é desafio para o setor

O escoamento da produção das usinas, tanto para o mercado interno como para o externo, não encontrou ainda o seu melhor caminho. “O transporte é o principal gargalo do setor”, constata o deputado estadual Arnaldo Jardim (PPS-SP). Segundo ele, não existe atualmente nem mesmo um levantamento detalhado sobre a real situação e as necessidades nessa área, visando uma melhoria da infra-estrutura de transporte – incluindo as malhas rodoviária, ferroviária e o sistema portuário . A eficiência das usinas e destilarias, com produtividade e custos otimizados, acaba sendo prejudicada pela ausência de ações conjuntas e a falta de investimentos em logística. A melhoria do transporte ferroviário, a definição de uma política de preços para o frete por meio das rodovias e investimentos na armazenagem de açúcar em terminais são algumas soluções apontadas por representantes do setor para superar dificuldades com o escoamento da produção.

“É preciso encontrar métodos e rotas alternativas para resolver problemas com o transporte”, observa o deputado. Arnaldo Jardim se mostra preocupado com a coincidência entre períodos de escoamento da safra de grãos e de açúcar. “Somente a safra recorde de milho, com 10 milhões de toneladas de grãos, cria um corredor de 6.200 quilômetros, que vai de São Paulo ao Acre”, exemplifica ele. Além disso, existe a possibilidade de engarrafamentos, principalmente no final do primeiro semestre, por causa de picos de exportação coincidentes com a soja. “Teremos o escoamento de uma safra de 113 milhões de grãos no país”, alerta o deputado.

Para o coordenador do Grupo de Mecanização de Cana-de-açúcar, Janir Reis Matos, algumas dificuldades para o escoamento da produção são impostas pela própria legislação. “Por causa da lei da balança, o trem é ainda a melhor alternativa. O transporte pelo treminhão está sendo um transtorno. Além de ser o que menos carga leva, precisa de licença especial”, observa. Representantes do setor defendem a necessidade da definição de uma tabela de preços que não fique, por exemplo, tão atrelada aos valores praticados pelos caminhoneiros independentes. “Eles leiloam os preços e pegam quem pagam mais”, diz o diretor da Cargill, Francisco Vassellucci.

Para o atendimento da exportação, o deputado Arnaldo Jardim afirma que o estabelecimento de uma rota de saída para o Pacífico é uma questão estratégica. Esse corredor — que depende da existência de um sistema multimodal de transportes — é importante para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros na Ásia e no Oriente, onde se encontram 70% da população mundial. Um estudo da Bolsa de Mercadorias & Futuros de São Paulo — BM&F, feito em parceria com técnicos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo — Esalq/USP e da Fundação Getúlio Vargas, sugere dez saídas para o Pacífico. Uma das alternativas mais viáveis é Santos-Arica, no norte do Chile. Esse percurso passa pelo Sudeste e Centro-Oeste brasileiros e pela Bolívia, totalizando mais de 3.500 quilômetros.

Novos empreendimentos minimizam dificuldades

As dificuldades com o escoamento da produção são minimizadas por meio de algumas iniciativas, como a construção de um terminal de açúcar no porto de Paranaguá, PR, (veja mais na matéria especial sobre o paraná, nesta edição), que conta com a participação de nove empresas responsáveis pela administração de 13 usinas. “Esse terminal — inaugurado em maio do ano passado — resolveu o problema do açúcar. Agora estamos desenvolvendo projeto para o embarque do álcool”, informa José Adriano Dias, superintendente administrativo da Associação dos Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná — Alcopar. O Terminal, administrado pela Paraná Operações Portuárias — Pasa, é o ponto final de uma logística de transporte que inclui uma extensa malha de rodovias e ligações ferroviárias. Segundo Adriano, a melhoria do sistema de transporte no Estado depende de uma maior quantidade de vagões e locomotivas e a redução do preço do pedágio.

Para o deputado estadual Arnaldo Jardim, o setor precisa de novos terminais portuários de carga como os existentes em Paranaguá (PR), no Nordeste e no estado de São Paulo, onde funciona o Terminal Açucareiro Copersucar, localizado no porto de Santos. A Região Sudeste conta também com a atuação da joint venture entre a Cargill e Sociedade Operadora Portuária de São Paulo, por meio de seus controladores Grupo Crystalsev, Hipercon e Plinio Nastari Consultoria, para a operação do Terminal de Exportação de Açúcar do Guarujá — Teag. O Terminal tem capacidade para armazenar 50 mil toneladas de açúcar a granel e 15 mil toneladas do produto ensacado. Há ainda o recente Terminal da Udop, que serve à região de Araçatuba e é ligado à malha ferroviária e próximo à hidrovia do Tietê. Tem capacidade para 70 mil toneladas.

Apesar de considerar insuficientes as medidas governamentais para a melhoria da infra-estrutura de transportes, Arnaldo Jardim elogia duas iniciativas do Governo do Estado de São Paulo. Uma delas é a construção de nova pista da Rodovia dos Imigrantes que “alivia um pouco o intenso tráfego na malha rodoviária”. A outra medida é a divulgação do projeto para a implantação do Agroporto em Cubatão (SP).O Agroporto – denominação do Terminal de Comércio Exterior de Produtos de Agronegócios do Estado de São Paulo -, que será instalado em uma área de 200 mil metros quadrados, tem a meta de transportar um milhão de toneladas de produtos acabados do agronegócio a partir de meados de 2.004.

O deputado acredita que o transporte multimodal tem um papel decisivo para melhorar o escoamento da produção das usinas. Ele afirma que a utilização de vias fluviais pode apresentar novas opções para o setor, possibilitando redução de custos e ganhos de logística. Apesar de algumas unidades produtoras já transportarem açúcar pela Hidrovia Tietê-Paraná, o uso desse modal é mínimo – em torno de 5% – em relação ao potencial da capacidade de transporte que está entre 20 a 25 milhões de toneladas anuais. A Usina Diamante, do Grupo Cosan, localizada em Jaú (SP), às margens do rio Tietê, é uma das pioneiras no transporte fluvial de cana-de-açúcar no país.

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