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Meirelles destaca lado bom da alta do petróleo

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, reafirmou ontem que a alta do petróleo gera incerteza e é risco para todos os países, inclusive para o Brasil. Mas acrescentou que, por outro lado, a alta dos preços cria uma oportunidade para o país no campo energético:

— Existe claramente uma oportunidade histórica, uma oportunidade onde o Brasil pode se firmar, não só como grande produtor de grão, como de energia. O biodiesel é um campo enorme — disse ele em entrevista na Basiléia, onde participou, nesse fim de semana, de reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS, uma espécie de banco central dos bancos centrais).

A Agência Internacional de Energia (AIE), em Paris, publicou recentemente um relatório estimando que até 2020 o biocombustível deve fornecer 30% do combustível usado globalmente pelos meios de transporte, comparado aos 2% atuais. A agência aponta o Brasil como um dos países mais competitivos no mundo na produção de biocombustíveis como etanol e diesel a partir de vegetais.

Embora o Brasil não tenha sido, nem de longe, o foco da reunião de bancos centrais na Basiléia, representantes do Federal Reserve (Fed, o BC americano) e dos BCs da Alemanha, Argentina, Uruguai e Chile teriam perguntado a Meirelles, em conversas privadas, sobre o risco de a crise política no Brasil provocar uma mudança na política econômica. O presidente do BC não quis confirmar o nome dos interlocutores, mas não hesitou em revelar o tom das perguntas:

— A preocupação é que evoluções políticas no Brasil possam levar a uma mudança na política econômica, e que esta mudança possa levar a uma deterioração da situação econômica — disse Meirelles.

Ele disse que ouviu elogios à política do BC, bem como à direção correta da política econômica em geral:

— Não me parece que possa haver mudanças na política econômica, pela simples razão de que a política econômica brasileira está dando certo.

Meirelles disse que o impacto que a alta no preço do petróleo poderá ter no crescimento do Brasil em 2005 dependerá do repasse dos preços para a gasolina pela Petrobras. Na quinta-feira, o BC vai divulgar relatório sobre inflação e PIB este ano. Perguntado sobre os riscos de o BC revisar para baixo a previsão de crescimento, por causa do petróleo, ele disse:

— Vamos aguardar.

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