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Mecanização da cana: Nova demanda virá de pequenos fornecedores

A partir de 2017, fica proibida a queimada de cana para colheita manual, estimulando terceirização Os fornecedores independentes de cana-de-açúcar, responsáveis por 25% da safra paulista, serão os clientes que mais devem necessitar dos serviços de terceirização da colheita mecanizada, avalia o agrônomo Caetano Ripoli, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) especializado em mecanização da cana.

“A partir de 2017 esses fornecedores não poderão mais queimar a cana e não terão escala para comprar essas colhedoras gigantes”, diz. A colheita manual exige a queima da palha da cana-de-açúcar para ser viável, enquanto as colhedoras entram no campo coma cana crua.

Além dos fornecedores, o especialista da Esalq vê grande potencial de terceirização nas usinas das novas regiões produtoras, em especial para usinas que não são de grupos experientes no setor. Trata-se de Goiás, Mato Grosso do Sul e até a região de Araçatuba (SP).

Mas para a maior parte das usinas, a solução mais econômica ainda é ter e operar uma frota própria de colheita mecanizada, segundo pesquisas do programa de logística CTCLog, do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Isso acontece basicamente por dois motivos, segundo o diretor de mercados e oportunidades do centro, Osmar Figueiredo Filho: primeiro, porque no modelo terceirizado é preciso contabilizar o lucro da empresa de logística, que não existe no caso da frota própria.

Em segundo lugar, muitas usinas estão nas mãos de grupos empresariais com grande escala e acesso a financiamentos com juros mais baixos do que as próprias empresas de logística. “Só faz sentido terceirizar se o fornecedor do serviço tiver acesso a máquinas com um custo menor e oferecer a mesma eficiência da usina na colheita”, avalia.

O processo é muito sensível para as usinas porque as colhedoras, máquinas de até 18 toneladas, podem danificar os brotos de cana que estão no campo e exigir um custoso replantio não planejado. A cana rebrota em média cinco anos antes de ser replantada.

A exigência de qualidade gerou desentendimentos entre usinas e terceirizados, relatam Figueiredo e Ripoli. Empresas fornecedoras do serviço que não têm alta tecnificação acabam sendo expulsas do mercado, mas o professor da Esalq ressalta que também há a parcela de culpa das usinas. “Estimo que 70% a 80% dos canaviais de São Paulo não estejam adaptados para a colheita mecanizada”, diz. Para receber as colhedoras, as linhas de cana precisam ser plantadas em distâncias maiores, por exemplo.

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