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Matriz energética será mais diversificada

Com uma potência instalada de cerca de 110 mil MW, dos quais 75% estão relacionados a projetos hidrelétricos, o Brasil deverá assistir ao longo dos próximos anos a consolidação de fontes complementares em sua matriz de energia elétrica. Projetos de gás natural, energia eólica e projetos de biomassa de cana-de-açúcar deverão avançar nesta década.

“As fontes complementares à hidreletricidade devem ganhar espaço”, diz o gerente-executivo de operações e participações em energia da Petrobras, José Alcides Santoro Martins. Uma das que devem consolidar sua presença são as térmicas movidas a gás natural. Martins diz que a flexibilidade delas em operação é trunfo para o sistema interligado. Do dia 22 para 23 de fevereiro, por exemplo, a Petrobras aumentou sua capacidade de 260 MW para 3.600 MW, ampliando o consumo de gás de 9 milhões de metros cúbicos por dia para 22 milhões de metros cúbicos diários. “Essa flexibilidade é importante e as térmicas podem ficar mais próximas dos centros de consumo, o que assegura maior segurança ao sistema de transmissão.”

Outra fonte que deverá ganhar espaço é a eólica, cujo potencial é de 140 mil MW. “O potencial é semelhante ao hidrelétrico no país, o que mostra sua importância”, diz o presidente da CPFL, Wilson Ferreira Júnior. O presidente da Neoenergia, Marcelo Corrêa, afirma que os custos da energia eólica ainda são elevados, mas isso deve mudar. “Com a maior inserção dessa energia e a melhoria das tecnologias, a tendência é o preço cair.”

Na fonte principal de energia do país, as hidrelétricas, não há uma tendência estatizante nos investimentos, afirmam representantes do governo e empresários do setor. Para Nelson Barbosa, secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, alguns projetos de infraestrutura, como grandes hidrelétricas e o trem bala, há necessidade de colaboração entre setor público e privado. “A ação do Estado é fundamental para viabilizar esses projetos. Interessa saber qual a forma de ação para prover o financiamento, reduzir o risco e viabilizar os projetos a serem executados pela iniciativa privada. Em qualquer lugar do mundo, projetos desse porte exigem atuação direta ou indireta do Estado. Isso não pode ser interpretado como estatizante.”

Segundo Vitor Hallack, presidente do conselho de administração da Camargo Corrêa, os projetos de infraestrutura têm sido estudados pela iniciativa privada, em especial na área de energia. “Os projetos são todos privados. Os investimentos atendem à participação do sistema Eletrobrás em algo como 49%, que é o mínimo que pode caracterizar as concessões do setor privado. E contam com o apoio do BNDES como fonte de longo prazo. São projetos de infraestrutura que ajudarão a disciplinar o mercado brasileiro no que diz respeito a investimentos de longo prazo. “

Para Otávio Azevedo, diretor-presidente da Andrade Gutierrez, se não fosse o trabalho conjunto das empresas privadas com setor estatal de energia, o país não teria grandes hidrelétricas em andamento. “Não existe investidor estrangeiro estabelecido no Brasil para fazer esses investimentos. A não ser a Tractebel Engineering, empresa do grupo GDF Suez, não tem aparecido nesses grandes projetos empresas em condições de bancar o jogo inteiro.”

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