A safra da cana-de-açúcar 2020/2021, encerrada no dia 31 de março, totalizou 48,8 milhões de toneladas processadas em Mato Grosso do Sul. O volume é 2,7% maior comparado à safra anterior e mantém o Estado na quarta posição do ranking de produção da matéria-prima no País.
Também houve melhora na qualidade da cana, com 139,26 kg de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana (+3,1%). Na safra 2020/2021, foram cerca de 655 mil hectares de área colhida.
Os dados foram divulgados pela Biosul em coletiva de imprensa virtual de encerramento da Safra 20/21 e primeira estimativa para 21/22 durante videoconferência realizada nesta segunda-feira (26).
A apresentação dos números foi feita pelo presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho, que considerou o resultado da safra positivo diante do ano atípico, considerando a situação de pandemia.
“A pandemia e a ocorrência de chuva acima da média para o mês de abril provocaram um início mais lento da safra no Estado em 2020, entretanto, as unidades recuperaram o ritmo da colheita ao longo do ano, que foi mais seco, e fecharam o ciclo com quase 49 milhões de toneladas de cana processada”, afirma.
Apesar da seca que se estendeu até o último verão no Estado ter contribuído para o avanço da colheita, Hollanda informou que é um ponto de atenção para a cana que será colhida na safra em curso. “Ainda não vamos fazer previsão meteorológica para o ciclo 21/22, mas o balanço hídrico do último ciclo exige nossa atenção em relação à qualidade da matéria-prima”, explica.
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Etanol e Açúcar
A produção de etanol hidratado somou 2,2 bilhões de litros do biocombustível, volume 17% menor em relação à safra passada. O etanol anidro também registrou queda na produção, que foi de 655 milhões de litros (-2,5%). No total, a produção de etanol no Estado atingiu 2,8 bilhões de litros, recuo de 14% em relação ao ciclo anterior.
Em contrapartida, a produção de açúcar teve recuperação e somou 1,8 milhão de toneladas no ciclo 2020/2021, quantidade 152% maior em relação ao ciclo anterior e também a maior registrada pelo Estado.
Para o presidente da Biosul, a possibilidade de diversificar a produção foi uma alternativa para que as unidades mantivessem o ritmo da safra minimizando os efeitos da pandemia, principalmente, pela redução significativa no consumo de combustíveis por conta das medidas de isolamento da população.
“Tivemos um período crítico de baixa no consumo de combustíveis em todo o país, o que barrou a liquidez dos estoques nas usinas ao mesmo tempo que a cana não poderia esperar para ser colhida. Paralelo a isso, a alta no dólar favoreceu as cotações do açúcar no mercado internacional, então uma alternativa foi recorrer ao ajuste no mix de produção”, disse Hollanda.
Cerca de 28% da matéria-prima foi destinada para a produção do alimento, enquanto 72% foi destinada para etanol, retomando o perfil de produção característico de Mato Grosso do Sul, segundo o presidente da Biosul.
CBIOs
Das 18 unidades sucroenergéticas em operação no Estado, 16 já são certificadas no RenovaBio e geraram em 2020, 3,1 milhões de CBIos, o que representa 16% da oferta nacional.
“Mostra a competência das nossas unidades de ter notas melhores para a geração de CBIOs”, avalia Hollanda.
Bioeletricidade
A cogeração de bioeletricidade se manteve estável no balanço de produção do setor sucroenergético do Estado, que está entre os maiores exportadores de bioeletricidade do país.
De abril de 2020 a fevereiro de 2021, foram exportados 2.447 GWh para o Sistema Interligado Nacional (SIN), um aumento de 0,91% em relação ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com Hollanda, a bioeletricidade é um produto importante no mix do Estado. “Todas as unidades em operação cogeram energia elétrica, dessas 13 exportam o excedente para o Sistema Interligado Nacional”, explica. Atualmente, a capacidade de produção instalada no Estado é de 1.260 MW.
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Mercado – Etanol
Conforme dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Biocombustível e Gás Natural), apesar da redução de 3,7% do mercado de Ciclo Otto (Relação de consumo entre gasolina e etanol) no Estado, o consumo de etanol hidratado totalizou 145 milhões de litros em 2020, aumento de 34% em relação a 2019. Com isso, a participação do etanol hidratado no Ciclo Otto passou de 12% para 17% no Estado.
De acordo com Hollanda, a maior competitividade do biocombustível se deve principalmente à mudança tributária feita no Estado que reduziu a alíquota sobre o biocombustível. Em 2020, o preço médio do etanol hidratado foi de R$3,298, com paridade média de 76% em relação ao combustível fóssil.
Mercado – Exportação de açúcar
Com a recuperação na produção de açúcar, a participação do adoçante na balança comercial do Estado também foi retomada, correspondendo a 5,2% da receita de exportação. Somente em 2020, foram embarcados 1,1 milhão de toneladas do alimento, volume 373% maior em relação a 2020, que gerou receita de U$$ 310 milhões (+362%).
Empregos gerados
As 18 unidades sucroenergéticas em operação tem presença do setor em 39 municípios. De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) compilados pela Biosul, o setor sucroenergético é responsável pela geração de 30 mil empregos diretos e terceirizados. Somente em 2020, o setor foi responsável por R$ 760 milhões de reais em massa salarial inseridos na economia. O setor sucroenergético também se destaca entre as melhores médias salariais da indústria e agricultura.
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Estimativa para 2021/2022
Com informações de suas associadas, a Biosul apresentou a primeira estimativa para a safra 2021/2022, iniciada em 1 de abril. A previsão da associação é que existe a disponibilidade de 50,2 milhões de toneladas de cana para processamento na safra.
O mix de produção deve manter, com discreta mudança, o reajuste do último ciclo direcionando 26% e 74%, para açúcar e etanol, respectivamente. Assim, a produção deverá corresponder a de 1,7 milhão de toneladas de açúcar e 3,1 bilhões de litros de etanol.