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Maria Guerreira

Nos 47°s Jogos Regionais o Atletismo de Sertãozinho firmou-se como um dos melhores do Estado, mesmo estando desfalcado de dois atletas que estavam disputando os Jogos Panamericamos Juvenis e que com certeza ganhariam medalhas de ouro para nossa cidade. A modalidade classificou-se em primeiro lugar no Feminino e ficou somente 11 pontos no masculino atrás da campeã Araraquara, cidade que contratou atletas de ponta a peso de ouro. Nossos atletas deram o máximo de si, esforçaram-se até a última gota de sangue para vencer ou pontuar, trocaram de provas nos últimos instantes, mantiveram-se unidos nos momentos mais difíceis, torceram, vibraram com as vitórias e choraram com as derrotas de seus companheiros. Quem teve a oportunidade de prestigiar as provas disputadas em dois dias no Pista Osvaldo Dias observou um espetáculo de músculos, dor e suor como nunca vistos antes em nossa cidade.

No entanto, sem desmerecer nenhum dos atletas sertanezinos, um merece meu carinho especial. Esta atleta chama-se simplesmente Maria Zaferina Baldaia. Maria que vem de uma situação difícil de excesso de treinamento vivida no final do último ano, que a levou a perder a São Silvestre. Maria que passou por lesões e graves problemas de saúde no início deste ano. Maria, desacreditada por muitos daqueles que antes lhe elogiavam. Maria, que infelizmente na semana dos Jogos contraiu uma forte gripe, e apesar disto não abandonou seus treinamentos, mesmo contrariando ordens médicas. Maria que queria muito vencer naquela pista, perto de seu povo, dentro de sua cidade, no Poliesportivo que leva seu nome. Maria, que tudo fez para conseguir ser veloz nos 1.500 metros rasos. Maria, que menos de 30 minutos depois, durante a prova dos 10.000 metros sob um sol seco e escaldante, “cuspiu sangue” e não obedeceu minha ordem para abandonar a prova – “vou dar uma medalha para a cidade, professor” – foi sua resposta enquanto esforçava-se cada passada a mais, respiração presa e pernas que não a obedeciam. Maria que voltou no domingo e enfrentou os 5.000 metros com a mesma valentia e o mesmo sofrimento, dando outra medalha para Sertãozinho. Maria, que mesmo não vencendo, subiu ao pódio como uma verdadeira campeã. Maria, que mesmo não vencendo, foi aplaudida pelo seu povo, que ignorou a campeã da prova. Maria, que todos devemos respeitar e engolir as palavras antes de criticar. Somente quem viveu ao lado dela todo seu esforço e dedicação pode entender o que ela passou nestes Jogos. Muito obrigado Maria Zeferina. Muito obrigado Maria Guerreira.

Prof. Esp. Osvaldo Luis Milani – professormilani@ig.com.br.

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