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Mandioca-doce vai virar etanol em escala industrial, diz Embrapa

É esbanjando glicose e sacarose que a mandioca açucarada entrou para a lista de matérias-primas que podem ser convertidas em etanol.

A variedade da raiz está na mesa de poucos brasileiros – vira mingau e xarope de glicose no Norte do País onde é conhecida como mandiocaba – e nos laboratórios da Empresa Brasileira da Pesquisa Agropecuária (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia) de Brasília.

O pesquisador Luiz Joaquim Castelo Branco Carvalho redescobriu o tubérculo, antes usado pelos indígenas na alimentação e produção de cachaça, há dez anos. De lá para cá desenvolve estudos para a produção de etanol a partir da mandioca-doce. Segundo Carvalho, é possível encontrar 25% de glicose e pelo menos 10% de sacarose nessa raiz. “O açúcar que tem na cana é só sacarose, e apenas 12%”, compara.

Castelo explica que a “composição de açúcar dessa planta confere uma rapidez ao processo de conversão em álcool”, já o açúcar da cana leva 14 horas para ser beneficiado. Além de dispensar o processo de hidrólise e adição de enzimas (importadas), o que pode reduzir o custo energético em até 40%.Cada hectare de mandiocaba rende 14 metros cúbicos (m3) de álcool. Pelo processo convencional de hidrólise de amido da mandioca o rendimento é em torno de 6,4 m de álcool por um processo de fermentação que dura até 70 horas, enquanto o processo tradicional da cana-de-açúcar chegou a 8 m em 48 horas.

Enquanto uma tonelada de cana produz 85 litros de álcool, a mesma quantidade de mandioca pode produzir 211 litros do combustível. Porém, os custos de produção da cana-de-açúcar são menores em cerca de 50% quando comparados aos da mandioca.

A variedade, até então privilégio da região Norte do País, está sendo cultivada pelos técnicos da Embrapa no cerrado. Lá a produtividade é até quatro vezes menor, mas melhoramentos genéticos estão sendo realizados para se colher mais mandioca-doce no meio-oeste do País. É dos hectares de testes plantados em Brasília que vão sair as toneladas a serem processadas em escala industrial.

Em parceria com a Usinas Sociais Inteligentes, de Porto Alegre (RS), será montada em março um complexo de destilaria na capital do País para produzir etanol a partir de mandioca-doce em escala industrial, 400 litros por dia, e experimental. “Precisamos conhecer ao certo a viabilidade econômica para levar a tecnologia até o Pará”, diz Castelo.

Não existe um levantamento sobre a quantidade de mandioca açucarada produzida no Brasil, mas é certo que é no solo paraense que se concentra o maior número de plantas, principalmente na região nordeste do estado e na ilha de Marajó. O pesquisador da Embrapa Pará, Edson Sampaio, explica que o consumo é doméstico e está concentrado no interior. “São produtores pequenos e eles estão espalhados. Ainda falta material genético para desenvolvermos etanol a partir de mandioca aqui”.

O agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Abaetetuba (PA), Flávio Ikeda relata que já foram implantados dois campos de multiplicação de material genético para distribuição de mudas. “Se precisasse plantar em larga escala não haveria mudas suficientes”, situação que deve ser revertida com os campos.

Brasil Ecodiesel questionada

As últimas oscilações registradas com as ações emitidas pela Brasil Ecodiesel na Bovespa levaram a Comissão de Valores Mobiliários a questionar a empresa solicitando justificativa para a valorização superior a 53% registrada só na última quarta-feira. A Brasil Ecodiesel alegou desconhecer o motivo.

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