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Mais um ano difícil no segmento de máquinas

Mesmo após a forte queda observada no primeiro trimestre, as vendas de máquinas agrícolas têm pouco espaço para ensaiar uma reação contundente no mercado doméstico nos próximos meses, apesar da definição das novas condições de financiamento do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), que dispõe de recursos do BNDES.

campo-trator-e-sol1Conforme cenário traçado ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em encontro com jornalistas em São Paulo, é de se esperar uma recuperação sazonal normal, levando-se em conta que o segundo semestre é historicamente mais forte que o primeiro, mas nada capaz de evitar mais um tombo em 2015, pelo segundo ano consecutivo.

“Os próximos trimestres deste ano não serão tão difíceis quanto o primeiro, mas isso não significa que serão fáceis”, afirmou Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da entidade. Ana Helena de Andrade, vice-presidente responsável pelo segmento de máquinas agrícolas, lembrou que o agronegócio também vive uma crise de confiança, como outros setores da economia, e concordou que essa situação ainda gera muita cautela.

Conforme a Anfavea, em março as vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias atingiram 4.834 unidades, 30,9% mais que em fevereiro, quando houve quatro dias úteis a menos, mas ainda ficaram 12,5% abaixo de março de 2014. No primeiro trimestre, as vendas somaram 11.872 unidades, em queda de 20,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Como as exportações continuam a decepcionar, a produção também recuou para se ajustar à demanda (ver infográfico).

Projeção atualizada ontem pela associação indicou que as vendas poderão chegar a 55,3 mil unidades no mercado brasileiro em 2015, 19,4% menos que em 2014 – ou seja, um percentual muito próximo ao da queda observada no primeiro trimestre. As vendas domésticas alcançaram 68,6 mil unidades no ano passado, uma retração de 17,4% em relação ao ano anterior, quando a comercialização bateu recorde.

Diante das incertezas macroeconômicas, especialmente no que se refere ao câmbio, a Anfavea ainda projeta um aumento de 1% das exportações neste ano, para 13,9 mil unidades. No front externo, afirmou Moan, os principais países com potencial para ampliar as compras de máquinas agrícolas produzidas no Brasil continuam na América Latina e na África.

Mesmo que o horizonte desenhado pela Anfavea para o segmento seja plúmbeo, o presidente da entidade louvou o fato de o governo ter sido rápido na publicação das novas condições do Moderfrota, que voltou a ser a principal fonte de financiamento para a aquisição de máquinas agrícolas no país apesar de ter tido suas taxas de juros elevadas, em linha com as medidas de ajuste fiscal em curso no país – aprovadas pela entidade, diga-se de passagem.

Diferentemente de outros Planos Safras, o que está em vigor (2014/15) “dividiu” o Moderfrota em dois. De julho do ano passado a fevereiro, a taxa de juros para clientes com receita operacional bruta ou renda anual de até R$ 90 milhões foi de 4,5%, mas desde 1º de abril passou a 7,5%. Para os clientes com receita superior a R$ 90 milhões, a alta foi de 6% para 9%.

Ana Helena de Andrade, que também é diretora de assuntos governamentais da AGCO para a América do Sul, lembrou que o atual patamar de juros do Moderfrota é similar ao do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), também do BNDES, mas que o primeiro tem a vantagem de financiar de 80% a 90% do valor da máquina, ante os 50% do segundo. Daí a preferência dos produtores.

(Fonte: Valor Econômico)

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