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Mais polêmica em torno do etanol

O Panorama Econômico Mundial, divulgado ontem pelo FMI, trouxe ainda mais polêmica à discussão em torno do etanol, ao alertar que a ênfase colocada pelos Estados Unidos e pela União Européia no etanol fará aumentar ainda mais o preço dos alimentos, e pedir que, como solução, reduza as tarifas à entrada deste combustível proveniente do Brasil e de outros países tropicais. “Enquanto, em pequena escala, os combustíveis biológicos podem ser um suplemento benéfico no abastecimento energético, promover seu uso a níveis insustentáveis com a atual tecnologia é problemático”, diz o estudo.

Para o subdiretor do Departamento de Análise do FMI, Charles Collyns – especialista em Brasil e ex-chefe da missão que acompanhava o acordo brasileiro com a instituição – a preocupação do fundo está na velocidade com que esse processo está se dando nos países desenvolvidos, na busca por diminuir a dependência do petróleo, e no estabelecimento de metas “muito ambiciosas”.

Ao divulgar o relatório ontem, ao lado do economista-chefe do FMI, Simon Johnson, Collyns reafirmou que, nesse ritmo e com a tecnologia atual, terras destinadas ao plantio de alimentos seriam convertidas à plantação para o combustível, elevando o preço dos alimentos o que, segundo ele, já estaria acontecendo no mundo todo. Como solução, o fundo defendeu a redução das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos e União Européia ao produto do Brasil – segundo maior produtor de etanol depois dos EUA – e a de outros países tropicais que usam a cana-de-açúcar como matéria-prima.

A importação do etanol no mercado dos EUA é a principal reivindicação do governo brasileiro junto à Washington e foi tema principal dos dois encontros dos presidentes Lula e Bush em março. Hoje, o álcool brasileiro paga sobretaxa de US$ 0,54 por galão (R$ 0,30 por litro) para entrar no mercado americano.

Segundo o fundo, os impactos maiores seriam nos preços da soja e do milho, este último matéria-prima do etanol norte-americano. Com o aumento da demanda, os preços desses produtos deverão ser pressionados a se aproximarem dos do petróleo.

Os Estados Unidos pretendem dobrar o consumo de etanol em 2017, e para isso precisará aumentar em 30% a produção de milho nos próximos cinco anos.

Na União Européia, 10% dos combustíveis para o transporte devem ser obtidos de matéria vegetal até 2020, e com isso os países membros do bloco terão que destinar 18% de suas terras cultiváveis para a produção de biocombustíveis.

O FMI também questionou o fato de os governos concederem altos subsídios que beneficiam mais os produtores do que o meio ambiente.

Por fim, Collyns defendeu que, a longo prazo, o futuro deste tipo de combustível dependerá da descoberta de novas tecnologias que permitam destilar etanol a partir de resíduos vegetais.

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