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Lula vê boom econômico e campanha eleitoral na Índia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à Índia num momento em que o país vive um clima de entusiasmo. E em meio a uma campanha eleitoral. A economia está em forte expansão, a ponto de analistas acreditarem que a Índia poderá logo rivalizar para a China no cenário asiático. Além disso, o país se reaproxima do vizinho Paquistão, após de tensão e rivalidade.

O bom momento foi reforçado na quinta, quando a agência Moody´s elevou a classificação da dívida externa indiana para grau de investimento, devido ao aumento das reservas, dos investimentos estrangeiros, à aceleração do crescimento e à abertura comercial.

Aproveitando esse clima favorável e o aniversário de nascimento de um herói indiano, o partido Bharatiya Janata (BJP), do premiê Atal Behari Vajpayee, lançou na sexta a campanha pela reeleição. O premiê vai antecipar a eleição, prevista para setembro. A nova data, provavelmente abril ou maio, será anunciada na próxima semana.

Vajpayee divulgou na semana passada um esquema de aposentadoria para trabalhadores pobres. Quem não têm condição de pagar um plano de pensão receberá 500 rúpias (US$ 11) mensais. É uma medida de forte apelo eleitoral, já que 40% dos indianos vivem com menos de US$ 1 por dia.

O Ministério do Trabalho publicou na sexta nos principais jornais anúncio sobre o plano de aposentadoria, em que elogia a “liderança dinâmica” de Vajpayee e a compara com a “visão” de Subhas Chandra Bose. Morto em 1945, Bose é o herói cujo aniversário o BJP celebra na campanha. Ele liderou a resistência armada ao colonialismo britânico na Segunda Guerra. Em 47, o país se tornou independente.

Segundo o BJP, Vajpayee e outros figurões do partido participarão de 200 comícios até 21 de fevereiro. Além do bom desempenho da economia – que deve crescer ao menos 7% no ano fiscal que acaba em 30 de março, a maior expansão em oito anos – e da chance de paz com o Paquistão, a popularidade de Vajpayee é uma das principais plataformas da campanha do BJP.

Pesquisas mostram que Vajpayee, de 79 anos, é muito mais popular que a candidata da oposição, Sonia Gandhi, viúva do ex-primeiro-ministro Rajiv Gandhi e nora da ex-premiê Indira Gandhi, ambos assassinados. Sonia é candidata do Partido do Congresso, que já foi imbatível na Índia.

Quando o BJP, um partido nacionalista hindu, chegou ao governo, em 1999, temia-se um acirramento nas violentas disputas religiosas do país. Há confrontos relativamente freqüentes entre hindus (80% da população), muçulmanos (11%), cristãos (3,8%), sikhs (2%).

O BJP, porém, revelou-se pragmático e agora cabe ao nacionalista Vajpayee retomar as negociações de paz com o Paquistão, que reivindica a região indiana da Caxemira, de maioria muçulmana.

Poucos duvidam que a coalizão de Vajpayee manterá o controle no Parlamento. Mas analistas não vêem só boas notícias para o governo. Na quinta, o Partido do Congresso, o principal da oposição recebeu a adesão formal dos dois filhos de Sonia, Priyanka e Rahul.

A entrada na cena política deve ser o primeiro passo para uma futura candidatura. Sonia, por ser de origem italiana, não tem forte apelo eleitoral, mas muitos crêem que a neta e o neto de Indira, bisnetos do fundador do país, Jawaharlal Nehru, podem revigorar o partido.

E até o bom desempenho econômico tem seu lado negativo: a inflação. Na sexta, o governo informou que os preços no atacado tiveram alta anual de 6,2%, a maior em 39 semanas. A alta foi puxada pelos preços dos alimentos, o que afeta diretamente os mais pobres.

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