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Lula defende fim de barreiras ao álcool em ato pró-trabalhadores da cana

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou, nesta quinta-feira (25), em cerimônia no Palácio do Buriti, a iniciativa dos usineiros para aprovar acordo que deve melhorar as condições de trabalho dos cortadores de cana-de-açúcar.

Mais uma vez, Lula defendeu a extinção das barreiras ao comércio de produtos derivados da cana no exterior, como álcool e açúcar. “[Os europeus falam:] Ah, mas lá [no Brasil] a cana tem trabalho escravo. Se essa moda pega, você vai chegar na Europa para vender e eles vão falar não”… Queremos que prevaleça a lei do livre-comércio.”

Segundo o presidente, antes os usineiros “eram tratados como os evangélicos: todo mundo quer o voto, mas depois tem vergonha de dizer que recebeu apoio. O setor era tratado como a coisa nefasta do setor empresarial brasileiro”, disse Lula.

“Já fui criticado por apoiar os usineiros. (…) A verdade é que o tempo se encarrega de fazer a mudança para todos os lados. E eu virei garoto-propaganda do álcool no mundo, coisa que jamais imaginei”, afirmou.

Das 413 usinas do país, 303 assinaram o termo, de forma voluntária, segundo o presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), economista Marcos Jank. Segundo ele, cerca de 75% dos empresários do setor, responsáveis por 80% da produção nacional, aceitaram o acordo

Muitos empresários do Estado de São Paulo (que produz cerca de 60% da cana-de-açúcar brasileira), porém, não aderiram ao acordo, de acordo com a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).

Segundo Jank, ainda há “problemas isolados” que, entretanto, não representam a conduta geral do setor. “Precisamos criar mecanismos de mercado para valorizar as boas práticas trabalhistas. Ainda há problemas, mas os avanços são reconhecidos.”

Para Lula, com o tempo, “essa pessoa que for uma ovelha verde ou marrom vai ficar tão sozinha que vai sentir vergonha” e vai se unir aos empresários que assinaram o acordo, brincou com a expressão politicamente incorreta.

O presidente recebeu, de trabalhadores do setor, um facão usado no corte da cana, além de uma cesta com açúcar mascavo e rapadura entre outros doces. “Vocês viram como o pessoal da segurança do meu cerimonial é cuidadoso?”, brincou o presidente em referência à intensa revista na entrada da cerimônia. “Mas esse facão, mostrado assim, [não é uma arma] é o símbolo da paz e vai ser guardado com muito carinho.”

No final da cerimônia, Lula prometeu conseguir patrocínio para um trabalhador que também é lutador de boxe. “Já fui treinador de boxe. Parei de lutar porque eu era excessivamente violento”, brincou.

Negociação

Durante 11 meses, trabalhadores, governo e cerca de cem empresários discutiram melhorias nas condi ções de trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar.

No termo ficaram estabelecidas 18 medidas, entre as quais, a contratação de trabalhadores com carteira assinada. O Sine (Sistema Nacional do Emprego, órgão do Ministério do Trabalho) vai atuar na admissão dos migrantes e pretende garantir o retorno dos contratados às cidades de origem após a colheita.

Apesar de marmita térmica ser disponibilizada para os trabalhadores, não será dada comida. Na questão da segurança, os usineiros se comprometeram a fornecer gratuitamente transporte e equipamentos de segurança individuais (luvas, bonés com abas largas e proteção para o pescoço, protetor de braços, caneleiras, botinas, facão, entre outros).

Os mecanismos de aferir a produção deverão ser negociados previamente.

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