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Lula confirma proibição do plantio em 81% do território

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que vai orientar a expansão do cultivo de cana-de-açúcar para produção de etanol no Brasil. A iniciativa inédita é considerada um exemplo do País para a sustentabilidade. Porém, o texto que originalmente proíbe o cultivo em 81,5% do território nacional atinge em cheio Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, já que proíbe a construção de novas usinas e a expansão da produção da cana em qualquer área de vegetação nativa, Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai.

Se o texto se mantiver sem alterações, Mato Grosso poderá perder cerca de R$ 8,5 bilhões em investimentos já anunciados para produção do combustível. Além disso, cerca de 115 cidades terão de eliminar esta cultura de suas lavouras e reprimir a geração de 20 mil empregos, como antecipou, na edição de ontem, o Diário.

Conforme o Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool), cerca de 70% da cana-de-açúcar produzida em Mato Grosso se concentra na região das Bacias do Alto Paraguai e Pantanal, onde estão instaladas as usinas Itamarati (Nova Olímpia), Barrálcool (Barra do Bugres), Libra (São José do Rio Claro), Cooprodia (Diamantino) e Alcoopan (Poconé).

Pelo Zoneamento Agroecológico Nacional da Cana-de-açúcar (ZAE Cana) apresentado ontem, a produção ganha grande e média aptidão na região noroeste, porção já ocupada pela sojicultura. “A cana não pode concorrer com a produção de alimentos”, frisa o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Normando Corral. Ainda pelo novo desenho da cana em Mato Grosso, dos mais 9! 0 milhões de hectares que formam o Estado, 6,8 milhões estariam aptos à cana. Uma área cerca de 1 milhão de hectares a mais do que a utilizada pela sojicultura. Atualmente, são produzidos localmente, 850 milhões de litros de álcool, a sexta maior produção do Brasil.

De acordo com o Ministério da Agricultura as novas regras de expansão da agroindústria canavieira serão estabelecidas por meio de “um trabalho pioneiro que orientará a formulação de políticas públicas para o setor sucroenergético. O ZAE Cana inovou ao adotar critérios econômicos e sociais que contribuem para um modelo sustentável de expansão dessa agroindústria no Brasil. O estudo não se limitou a definir as regiões onde a produção é economicamente viável, como faz o zoneamento agrícola de outras culturas que considera as condições de clima e solo. Nenhuma outra cultura agrícola brasileira conta hoje com um estudo desse porte”.

De acordo com as vedações previstas no ZAE Cana, estarão aptos ao plantio dessa cultura 64 milhões de hectares. A expansão da cana-de-açúcar, considerando os novos critérios, poderá ocorrer em 7,5% do território nacional. Hoje, a área cultivada de cana-de-açúcar ocupa uma área de 8,89 milhões de hectares (safra/2008), o que representa menos de 1% do território nacional.

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