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Longe do apocalipse

A semana passada destacou notícias alarmantes sobre o aumento de temperatura do planeta causado por gases de efeito estufa. De forma errônea o desequilíbrio na emissão desses gases é confundido com poluição. A coluna já explicou tecnicamente a diferença, mas não custa repetir. Monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos (em motores a gasolina) e mais material particulado (visível ou não em forma de fumaça preta em motores a diesel) são os principais poluentes letais ou prejudiciais à saúde. Todos eles estão crescentemente sob controle e tendem a ser zerados dentro de pouco tempo.

O mais criticado dos gases de efeito estufa é o dióxido de carbono (CO2) ou gás carbônico, emitido por máquinas térmicas alimentadas por combustíveis fósseis que propulsionam automóveis, outros veículos e equipamentos, e também pelo simples ato de respirar dos seres humanos. Portanto, além de não se enquadrar como poluente tóxico, é fundamental para a vida, seja ao liberar oxigênio no crescimento das plantas quando estas captam CO2 (fotossíntese), ou prover a capa térmica que evita temperaturas glaciais no planeta.

Na realidade, importa mesmo estudar o chamado GWP (sigla em inglês para Potencial de Aquecimento Global) e ver que há outros vilões nessa história. O metano ou gás natural, por exemplo, mostra-se 21 vezes mais forte na formação do efeito estufa. A flatulência do rebanho bovino, fonte de metano, e o esterco gerador de dióxido nitroso, 296 vezes mais ativo que o CO2, provocam um GWP equivalente à frota mundial de 900 milhões de veículos. “O custo ambiental por cada animal teria que ser reduzido pela metade, apenas para impedir que a situação atual piore”, advertiu um documento recente da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

O Brasil, com seu rebanho superior a 200 milhões de cabeças de gado, ao mesmo tempo em que participa do aumento do efeito estufa tem a contrapartida de produzir álcool para automóveis e comerciais leves. Nesse caso também há emissão de CO2 – menos que a gasolina -, mas as plantações de cana-de-açúcar conseguem neutralizar praticamente 100% do que sai pelo escapamento, trocando gás carbônico por oxigênio na fotossíntese. Aliás, vapor d’água inofensivo ao meio ambiente é confundindo com fumaça poluente quando o motor a álcool ainda está frio.

Claro que o relatório sobre mudanças climáticas apresentado agora, em Paris, precisa ser considerado para mitigar o aquecimento e frear o descongelamento das calotas polares, evitando a elevação do nível do mar. Países europeus que lideram as ações de controle, no entanto, já tentam estabelecer limites menos rígidos para os automóveis. O argumento, igual ao dos EUA: causará desemprego na indústria. Indicadores do melhor momento de troca de marcha e de pressão dos pneus estão sendo recomendados como ajuda ao menor consumo de combustível e em conseqüência de emissão de CO2, além de adicionar álcool à gasolina, o que desagradou as companhias petrolíferas. Ninguém discute que a situação exige realismo. Mas estamos bem longe do apocalipse. Ainda há tempo suficiente para pensar e agir com mais razão e menos emoção.

RODA VIVA

CORPO técnico da Fenabrave, associação nacional das concessionárias, avaliou curvas de aumento de vendas até o final do ano baseada em dados históricos. Projeção aponta crescimento acima de 12% em 2007 sobre 2006, na soma de automóveis e veículos comerciais. Previsão bem conservadora da Anfavea: crescimento de 8%.

NOVA frente ficou bem resolvida no Fiesta 2008, cujas primeiras unidades já estão nas ruas. Faróis de dois refletores com piscas na parte superior (mas sem repetidores laterais) de fato faziam falta. Quadro de instrumentos evoluiu, bem como acabamento interno e saídas de ar. Tanque de combustível cresceu de 45 para 54 litros no momento certo.

OUTRA boa providência foi melhorar o isolamento acústico, embora a Ford pudesse ter ido além, mesmo considerando que se trata de compacto de média gama entre básico (Celta, Palio Fire) e premium (Polo, C3). Estratégia de preço atrativa: apenas o motor de 1.000 cm³ sofreu pequeno reajuste, enquanto o mais adequado, de 1.600 cm³, praticamente não aumentou.

SEM alarde, o Contran acaba de atualizar a legislação de testes de segurança de automóveis nacionais e importados. Além de impacto frontal contra barreira e colisão traseira, há critérios de avaliação dos ferimentos por meio de bonecos antropométricos. Prazo de cinco anos para novos projetos; sete anos, nos veículos já em produção. Assim, em 2014 alguns modelos terão de sair de linha.

PROVOCADO durante entrevista, Eugênio Deliberato, presidente da Bridgestone Firestone admitiu que a empresa deve voltar a fornecer para a Ford em breve, depois do desgaste mútuo no episódio dos acidentes com o Explorer nos EUA. O grupo japonês investiu US$ 160 milhões em Camaçari, BA numa das mais modernas fábricas de pneus do mundo com 75.000 m² em terreno de 1 milhão de m².

E-mail: fcalmon@gazetamercantil.com.br

kicker: Países europeus que lideram as ações de controle de emissões já tentam estabelecer limites menos rígidos para os automóveis

(Gazeta Mercantil/Caderno C – Pág. 3)(Fernando Calmon)

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