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Londres planeja corte drástico na emissão de gás carbônico

O governo britânico pretende reduzir as emissões de gás carbônico (CO2) do país para se adequar aos tratados internacionais. A indústria protestou, mas as empresas que geram energia, e vão ser beneficiadas indiretamente, fizeram um silêncio de aprovação.

A Grã-Bretanha disse na segunda-feira que até 2010 pretende reduzir em 20 por cento as emissões do poluente, com relação às médias de 1990. Na primeira fase, entre 2005 e 2007, a redução deve ser de 16,3 por cento.

As propostas, parte de um esquema que abrange toda a União Européia, ultrapassam as obrigações do país acertadas no Protocolo de Kyoto, que prevê uma redução de 12,5 por cento nos níveis de CO2 em relação a 1990. Os britânicos já reduziram suas emissões em cerca de 8 por cento.

O governo vai estabelecer um limite para a emissão de CO2 em 1.500 instalações industriais, responsáveis por metade da poluição do país. As empresas poderão negociar suas quotas entre si, ampliando a capacidade poluente de algumas.

Ambientalistas elogiaram a decisão. As empresas geradoras de energia também. Apesar de sofrer reduções ainda mais impactantes, segundo elas, os custos desse esquema serão compensados nos preços da eletricidade.

Outros grupos industriais criticaram a medida. A entidade Grupo de Usuários de Energia Intensiva, que reúne fábricas, disse que os preços da eletricidade vão aumentar muito e obrigar as empresas a saírem do país.

O governo admite que haverá aumento nos preços da energia, mas diz que os principais competidores dos britânicos na Europa enfrentarão o mesmo problema.

“Nossa projeção é de que os preços industriais da eletricidade aumentem em cerca de seis por cento, em uma estimativa razoavelmente conservadora, não só no Reino Unido, mas em todas as mais importantes economias industriais da Europa”, disse o ministro da Energia, Stephen Timms, a jornalistas.

Sorte Inesperada

Analistas e fontes da indústria dizem que as empresas que geram energia vão ter de reduzir suas emissões de CO2 em até 30 por cento.

Em uma nota detalhando as medidas, o Departamento de Comércio e Indústria disse que a decisão “reflete o fato de que este setor enfrenta uma competição internacional limitada e tem uma gama relativamente ampla de oportunidades de reduzir os custos”.

Seja como for, empresas como a Scottish and Southern Energy, que usam bastante a geração hidrelétrica, e portanto não emitem muito CO2, devem sair ganhando.

“Os grandes vencedores são as geradoras de baixa emissão de carbono. A Scottish and Southern vai se sair bem. As geradoras [que usam] carvão não se sairão tão bem,” disse Andrew Wright, analista de instalações elétricas no banco de investimentos UBS.

O governo não informou os índices de redução previstos para cada setor incluído no plano. Mas sabe-se que a siderurgia, extração de gás e petróleo, refinarias, polpa e papel, alimentos, cimento e vidros serão atingidos.

Os preços da eletricidade no atacado já aumentaram recentemente na Grã-Bretanha, refletindo as expectativas de aumentos nos custos e menor produtividade das usinas de carvão.

Todos os países da UE têm até março para apresentar propostas para se adequar às normas do Protocolo de Kyoto. Os planos aprovados entram em vigor em 2005.

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