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Logística deficiente tira lucro do setor

“O que ganhamos no campo devolvemos nos portos e terminais”, resumiu o presidente do Conselho da Cosan, Rubens Ometto, em sua palestra sobre logística no País, no Summit Agronegócio Brasil 2015. Tanto Ometto quanto os participantes do painel “Desafios da Logística” disseram que as deficiências neste segmento são o principal entrave para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. “Temos um malha ferroviária muito aquém do potencial. A prioridade inicial precisa ser terminar os investimentos que já tiveram início para que funcionem com eficiência e, num segundo tempo, começar a fazer os greenfields”, disse.

Para Ometto, um dos caminhos para impulsionar o setor é reduzir a intervenção governamental. “Não podemos ter um governo muito partícipe neste negócio. Eu acredito na livre iniciativa. Quando há isso você resolve boa parte dos problemas, não há corrupção, cada empresário é responsável pelas coisas que faz.”

Soluções imediatas

O diretor presidente da JSL Logística, Fernando Antônio Simões, também ressaltou o papel da iniciativa privada para explorar soluções que melhorem o escoamento da produção. “O governo tem responsabilidade, mas não esperemos a sua contribuição (para agir). Vamos melhorar o que já existe para obter soluções imediatas, e não de longo prazo”, afirmou.

Simões citou empresas que agiram para resolver gargalos de logística, como a Fibria, do setor de papel e celulose, que construiu terminais marítimos no sul da Bahia para transportar produtos ao Espírito Santo, e a Veracel, que atua no mesmo segmento e montou um porto a 60 quilômetros de sua nova fábrica em Porto Seguro (BA), retirando 75 caminhões/dia da rodovia BR-101. “Não há gargalo logístico que segure o desenvolvimento do País e a inovação da iniciativa privada.”

Simões citou, ainda, dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Os números indicam que, dos 30 mil quilômetros de malha ferroviária, 6 mil quilômetros operam com densidade inferior a um trem por dia. A média de velocidade dos veículos no Brasil é de 25 quilômetros por hora, ante 80 quilômetros por hora nos EUA. “Antes de projetos que exigem aportes bilionários e prazos extensos, a prioridade é melhorar a malha já existente”, destacou.

Assim como outros palestrantes, o presidente da Cosan, Marcos Lutz, argumentou que a iniciativa privada precisa agir para melhorar o escoamento da produção. Nessa linha, ele cita que a Rumo ALL, empresa do grupo, pretende investir R$ 7,4 bilhões até 2019. O montante se refere à renovação da frota de 5 mil vagões e 200 locomotivas, além da reforma de mais de 3 mil quilômetros de vias permanentes e construção de novos pátios.

Modais

Lutz reforçou, além disso, a necessidade de diversificar os modais brasileiros para melhorar a logística do agronegócio nacional, com ênfase no aumento da participação das ferrovias. E ressaltou: “Claramente o agronegócio será uma das principais forças para a economia brasileira nos próximos anos e um dos importantes pilares para sairmos da crise”. O presidente da Cosan estimou que o desperdício pelos gargalos logísticos no Brasil equivale a 5% do PIB nacional. Segundo ele, o custo médio do transporte de grãos no País é quatro vezes maior do que o de concorrentes, como Argentina e EUA. Como exemplo, afirmou que o transporte de 1 tonelada de grãos de Lucas do Rio Verde (MT) a Santos (SP) por rodovia custa R$ 310. “Basicamente. gastos em pneus, diesel e caminhões (depreciação) não pagam a conta das estradas de Mato Grosso, que ficam destruídas.” Em contraste, se o produto fosse transportado por caminhões até Rondonópolis (MT) e depois enviado via ferrovia ao porto, o custo seria de R$ 270 por tonelada.

Mato Grosso

O setor governamental deve ampliar parcerias com a iniciativa privada, sustentou o vice-governador de Mato Grosso, Carlos Fávaro (PSD-MT) em sua palestra. Segundo ele, atualmente, em seu Estado, há cinco concessões vigentes com empresários locais para melhoria de estradas que escoam a produção agrícola e pecuária – Mato Grosso é o principal produtor de soja do País. Uma alternativa, apontou Fávaro, que já foi presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja-MT), é contar com o apoio dos próprios produtores para melhorar a logística das regiões em que atuam. “Não podemos esperar dinheiro de Brasília ou da China para melhorar Mato Grosso”, disse ele, acrescentando que, se o nível de pavimentação de estradas no País é de 25%, em MT esse índice cai para apenas 10%. “Temos um desafio gigante para melhorar as rodovias em Mato Grosso.”

Fonte: (O Estado de S.Paulo)

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