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Lideranças defendem expansão de etanol de milho

O grão já é responsável por 17% do total de etanol produzido no Brasil

Lideranças defendem expansão de etanol de milho

A expansão da produção do etanol a partir do milho é um dos caminhos apontados por integrantes do futuro Instituto Brasileiro de Energias Renováveis e Segurança Alimentar, que tem à frente lideranças como a ex-senadora e ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Kátia Abreu.

O Brasil possui 22 indústrias de etanol de milho e cereais em operação e cerca de dez projetos com autorização para construção. Na atual safra, que se encerra em abril, serão disponibilizados 6,02 bilhões de litros de etanol de milho, o que representa 17% do total de etanol produzido no país.

Ambientalistas, no entanto, receiam quanto a potenciais impactos socioambientais caso as lavouras avancem em regiões como Amazônia e Cerrado, para atender a demanda para produção do biocombustível. Para Kátia Abreu, porém, é possível expandir a produção sem desmatamento.

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“É preciso fertilizar as áreas que já temos, elaborar tecnologia sobre elas e aumentar a produção em 40%. A agricultura brasileira é campeã no campo”, destacou, complementando “Além disso, como a produção de milho tem aumentado nos últimos anos, não há por que temer risco de disputa de espaço entre combustível e cultivo de alimentos”, relatou a ex-ministra em apresentação no “Brazil, China Meeting”, evento realizado, este mês, pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, em Shenzhen e em Hong Kong, na China, que reuniu as principais lideranças e investidores do Brasil e da China.

Na ocasião, a ex-ministra falou sobre a perspectiva da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de aumento da produção de alimentos em 40% para o cumprimento das metas relacionadas à segurança alimentar.

Em sua defesa do etanol de milho, Kátia Abreu acrescentou que o biocombustível agrega valor, pois também gera subprodutos, como o DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis, na sigla em inglês), usados como ração animal altamente proteica.

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O Brasil é o terceiro maior produtor de milho, atrás de China e EUA. A produção subiu de 42,5 milhões de toneladas na safra 2005/06 para 131,9 milhões de toneladas no ciclo 2022/23, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A expansão do grão vem impulsionando novos investimentos. A Neomille, empresa subsidiária da Cerradinho Bioenergia, recebeu a autorização da ANP (Agência Nacional de Petróleo) para iniciar a produção de etanol de milho em Maracaju – MS. Em sua primeira fase, a fábrica irá processar 608 mil toneladas de milho, adicionando 3,1 milhões de cana equivalente a capacidade total de produção da CerradinhoBio, totalizando 13,6 milhões por ano safra.

A Coamo Agroindustrial anunciou investimentos na construção de uma unidade industrial para a produção de etanol de milho, em Campo Mourão – PR com capacidade de processamento de 1.700 toneladas de milho por dia, contemplando um sistema de cogeração de 30 MW (megawatts). A construção da indústria deve consumir R$ 1,67 bilhão.

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Kátia Abreu

A Vibra, maior distribuidora de combustíveis do Brasil quer expandir as vendas do biocombustível nos Estados do Norte, que ainda são fortemente dependentes de combustíveis fósseis. Segundo a empresa, a utilização do milho como matéria-prima tornará o biocombustível competitivo em áreas onde o etanol de cana é demasiado caro para competir com a gasolina.

Em novembro, a FS, pioneira na produção de etanol de milho no país, anunciou o aumento de capacidade em Primavera do Leste – MT e neste mês, a gaúcha 3Tentos anunciou investimento de R$ 2 bilhões até 2030, dos quais metade será direcionada à sua estreia no mercado de etanol de milho.

A Cooperativa Pindorama também apostou no biocombustível e é a responsável pela implantação da primeira planta flex no Norte/Nordeste. Com capacidade de processamento de 300 toneladas de grãos por dia, resultando na produção diária de 123 mil litros do produto, a usina de etanol de milho da cooperativa já está em fase de testes, aguardando certificação dos órgãos de controle e fiscalização.