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Líder do setor dispara contra quem defende CPMF e quer Cide maior sobre a gasolina

2012-09-11 Renato CunhaRenato Cunha é reconhecido por seus posicionamentos vigorosos em favor do setor sucroenergético. Baseado em Pernambuco, capital cearense na qual preside o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool (Sindaçucar), ele costuma disparar contra projetos – ou a falta deles – que prejudiquem a gestão das usinas de cana-de-açúcar do Nordeste, e mesmo das demais regiões canavieiras do País.

Em entrevista ao Portal JornalCana, Cunha mira sua ‘metralhadora’ a um grande empresário do setor sucroenergético, que defende a volta da CPMF para ampliar o caixa do governo. Critica também grandes empresas do setor que produzem e também distribuem combustíveis.

Cunha é categórico: quer ampliar a Cide sobre a gasolina em favorecimento do etanol. Para ele, é possível também criar regras para o setor de biocombustíveis mesmo no atual cenário político brasileiro.

Confira a entrevista:

Portal JornalCana – O sr. poderia fazer uma primeira projeção da safra 2016/17 da região Nordeste do País?

Renato Cunha – Sim: as usinas de cana da região Nordeste deverão moer entre 60 a 65 milhões de toneladas de cana na safra prevista para começar em setembro próximo em 65 unidades.

Portal JornalCana – Sua estimativa revela uma recuperação produtiva das usinas nordestinas?

Renato Cunha – Sim, porque saímos de uma safra 15/16 com moagem de 49 milhões de toneladas. A safra foi penalizada por estiagem provocada pelo fenômeno El Niño. Mas a 14/15 registrou moagem de 60 milhões de toneladas.

Quantas usinas vão operar no Estado?

Renato Cunha – Em Pernambuco, temos hoje 17 usinas sucroenergéticas em operação, 13 mil produtores de cana e cerca de 60 mil empregos diretos em 50 municípios. Os empregos em anos sem climatologia deficiente chegam a 80 mil diretos.

E no Nordeste?

Renato Cunha – No Nordeste, são em torno de 65 usinas, 25 mil produtores e 250 mil empregos diretos.

Quando inicia e quando finaliza a safra 2016/2017?

Renato Cunha – Tradicionalmente, a safra no Nordeste vai de agosto a meados de março ou abril do ano posterior.

Qual a safra estimada na região Nordeste para 206/2017? Haverá incremento em relação à safra 2015/2016?

Por favor, explique suas projeções de produção de açúcar e de etanol na 16/17

Renato Cunha – Como a safra 2015/2016 foi de inflexão, com queda de 23% em relação a 2014/2015 devido ao El Niño, a estimativa preliminar é 14 milhões de toneladas na 2016/2017, com 950 mil toneladas de açúcar e 350 milhões de litros de etanol. Praticamente, vamos repetir os volumes da safra 14/15.

Qual será o principal produto da safra 2016/2017 no Nordeste e em Pernambuco? Por quê? (tendência do mix de açúcar e etanol)

Renato Cunha – O mix será mais alcooleiro, como vem acontecendo nas últimas safras, com predomínio do etanol, que representa em torno de 57% da produção do setor no Nordeste.

Quantas usinas fecharam da última safra para esta no Estado? Se houve fechamento, quais usinas?

Renato Cunha – Tivemos a reabertura de três usinas em Pernambuco nos últimos três anos, com a reativação de Cruangi, Pedroza – que deixou de moer apenas uma safra – e a Pumaty. Até o momento, não trabalhamos com a previsão do fechamento de unidades nos próximos anos.

A expectativa é que o cenário melhore?

Renato Cunha – Para que o cenário efetivamente melhore dependemos de quatro fatores principais. No caso do etanol, é necessária uma política de preços, no mercado interno, que garanta a competitividade no segmento de energia automotiva, no médio e longo prazo. Essas regras precisam ser claras e sustentadas, levando em consideração o bônus ambiental proporcionado pela energia limpa e o ônus ao meio ambiente acarretado pelos combustíveis fósseis. Trata-se de coerência com o compromisso do Brasil firmado na Conferência do Clima realizada pela ONU em dezembro passado, em Paris, com uma participação mais estável do etanol no ciclo Otto. Além disso, o setor precisa ser indenizado pela política anterior, de atrelamento do etanol aos preços artificialmente baixos da gasolina. O resultado foi o fechamento de 80 usinas em todo o Brasil e um endividamento sem precedentes para as unidades produtoras. Esse passivo precisa ser sanado.

E no mercado internacional? 

Renato Cunha – No mercado internacional do açúcar, há uma recuperação relacionada à diminuição da superoferta da commodity. Com isso, os preços, que estavam fortemente depreciados, podem seguir uma tendência de melhor remuneração para os produtores. É preciso que essa tendência se estabilize para termos um horizonte mais promissor.

Sobre a volta da CPMF: recentemente, um grande empresário do setor, presidente do Conselho de Administração de um dos maiores grupos produtores e distribuidores do País, concedeu entrevista na qual apoia a volta da incidência da CPMF. Qual sua opinião a respeito desse imposto?

Renato Cunha – A CPMF é anacrônica. Não tem sentido.

Qual sua proposta para o governo ajudar a alavancar o etanol no País?

Renato Cunha – Aumentar a incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina ajudar a reconhecer as externalidades do etanol como fonte sustentável contra as emissões de poluentes.

 

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