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Liberalização enfrenta queda-de-braço na OMC

O governo brasileiro alega que países em desenvolvimento precisam manter certas taxas de importação para produtos industriais como forma de reduzir os riscos causados por choques externos.

O Brasil, juntamente com Índia e Argentina, defendem na Organização Mundial do Comércio (OMC) uma redução apenas limitada dos impostos de importação existentes nos mercados emergentes e são duramente atacados pelos países ricos, que querem maiores aberturas dos mercados do Sul para seus produtos industriais. Na avaliação do Brasil, a necessidade por tarifas ainda seria mais acentuada em países que seguiram nos últimos anos as receitas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A OMC tem até dezembro para tentar fechar um acordo sobre como deveria ocorrer o ritmo de liberalização do setor manufatureiro no mundo. Estados Unidos, Europa e Japão defendem cortes expressivos nas tarifas de importação e Washington chega a propor que alguns setores, como automotivos, químicos e eletroeletrônicos tenham tarifa zero.

Para os países emergentes, essa possibilidade é ambiciosa demais e, para se contrapor à proposta americana, Argentina, Brasil e Índia apresentaram sua própria idéia de liberalização. Na avaliação desses governos, países que tiveram de recorrer ao FMI nos últimos anos acabaram sendo obrigados a adotar políticas de livre fluxo de capitais e regimes de câmbio flutuante. Nesses casos, as tarifas contra importação ainda teriam um papel que não poderia ser descartado.

O Brasil ainda deixa claro que somente concordará com algum tipo de redução tarifária para produtos manufaturados quando perceber ganhos reais em agricultura. Preocupados com o andamento das negociações, representantes do setor automotivo e têxtil foram até Genebra nesta semana para acompanhar de perto as reuniões.

Já a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que a abertura dos mercados dos Estados Unidos e Europa poderia ter repercussões positivas não apenas para essas economias, mas para os principais parceiros das duas superpotências comerciais.

Na América Latina, os ganhos poderiam ser de até 1,6% em exportações com a abertura dos mercados dos EUA e Europa. Apenas a China e a Índia teriam ganhos maiores no mundo. Apesar do impacto positivo, a renda per capita na América Latina cresceria apenas 0,4% por causa dessas liberalizações e o PIB, no geral, permaneceria praticamente intocado.

Segundo a OCDE, a redução das barreiras nos países ricos ainda aumentaria o PIB per capita dessas regiões. Na Europa, o aumento seria de 2% a 3,5%, ante 1% a 3% nos EUA. Nos demais países da OCDE, o impacto das aberturas nesses mercados poderia variar de 0,5% a 1,5%. Para alguns países, os ganhos seriam equivalentes a um ano de trabalho de um cidadão.

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