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Levou a mudança do tio e virou o rei da soja

Gaúcho da minúscula Caiçara, Otaviano Pivetta se estabeleceu meio que por acaso em Mato Grosso. Conheceu o Estado em 1982, quando pegou seu caminhão e fez a mudança de um tio para a região. Gostou do lugar e, no ano seguinte, vendeu uma chácara de 15 hectares na cidade natal e, com o dinheiro, comprou uma fazenda de 600 hectares na então inóspita Nova Mutum. “O que me chamou a atenção foi o clima, a topografia, a abundância de terras”, lembra.

Sua primeira lavoura foi de arroz. A primeira moradia foi um barracão. Da leva de colonizadores sulistas que o acompanhou, muitos desistiram no meio do caminho. “A vida no sul era dura também, mas lá tinha energia, vida social, telefone”, diz Pivetta . “Aqui, no começo, era preciso percorrer 210 quilômetros ida e volta até Diamantino para fazer uma ligação.”

A perseverança foi fartamente recompensada. Hoje, Pivetta é considerado o “rei da soja” – considerando-se que o governador do Estado, Blairo Maggi, já extrapolou qualquer tentativa de qualificação. Os 15 hectares de Caiçara foram se multiplicando até chegar nos atuais 75 mil hectares – o que representa um total de 105 mil hectares disponíveis por ano para lavoura. Além da soja, o produtor planta milho, algodão, girassol e é um grande criador de suínos – abate 200 mil cabeças por ano. Suas cinco fazendas, espalhadas entre Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, cidade que ajudou a fundar e da qual foi prefeito duas vezes, faturam US$ 80 milhões por ano. Seus negócios geram cerca de mil empregos diretos e utilizam uma frota própria de 550 caminhões. O consumo anual de diesel – 6 milhões de litros por ano – o incentivou a entrar no ramo do biodiesel.

Pivetta parou de comprar terras. “Agora eu quero verticalizar a produção.” Atualmente seus esforços estão dirigidos, primeiro, para superar a crise que se abateu sobre a lavoura. Em segundo plano, a idéia é viabilizar o processamento das matérias-primas que produz.

O mais próximo que ele já chegou de dominar a cadeia produtiva do começo ao fim é a suinocultura. Pivetta é fundador e o principal cotista do Frigorífico Excelência, de Nova Mutum, o único da região que faz o abate de porcos. O negócio lhe rende US$ 10 milhões por ano.

Desde janeiro, quando fez seu sucessor e deixou a prefeitura de Lucas, ele vive entre Cuiabá, Lucas e Mutum. Dois de seus quatro filhos (o quinto está para nascer) o ajudam a tocar os negócios. Passou seis meses como secretário no governo de Blairo Maggi, mas não guarda boas lembranças da experiência. “Eu sou um realizador. Na prefeitura, era a locomotiva. No governo, apenas um vagão.”

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