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Lançadas em março, motos flex já são 65% da produção da Honda

Em março, quando lançou no Brasil a primeira motocicleta bicombustível do mundo, a Honda imaginava que a sua CG Titan Mix fosse ocupar 50% da linha de montagem. Esse planejamento não durou nem um mês: já em abril, diante da corrida dos consumidores às lojas, a montadora decidiu elevar o percentual para 60%, reduzindo o espaço da versão movida a gasolina. Veio julho, e a Honda anuncia que a proporção teve de ser mudada outra vez, agora para 65%.

— Os resultados superaram todas as nossas expectativas — disse Alfredo Guedes, engenheiro do Departamento de Relações Institucionais da Honda na América do Sul.

Dona de 79,3% das vendas no mercado brasileiro, a Honda não divulga os valores investidos no projeto. A estimativa inicial de comercializar 160 mil motos flex neste ano parece próxima de ser batida. ! De março (data do lançamento) até junho (último dado disponível), foram vendidas 66,7 mil unidades da Titan Mix, o correspondente a 12,3% das vendas totais do setor no mesmo período.

Vendeu mais do que a CG Titan tradicional (49,2 mil).

Motoristas faziam conversão caseira para usar álcool O desempenho da nova motocicleta — que pode rodar com etanol, gasolina ou a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção — coleciona outro recorde: foram quatro meses para atingir participação relevante no mercado, contra dez no caso dos veículos de passeio movidos a álcool e gasolina.

No fim do ano passado, a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) fez uma pesquisa com cerca de 600 usuários de motos na Grande São Paulo. O resultado surpreendeu os pesquisadores: cerca de 15% dos consultados disseram que haviam apelado a conversões caseiras para poder rodar também com etanol. Em todos os casos, o objetivo era cortar gastos com combustível.

— Eles trocavam uma p! eça do carburador, mas era algo doméstico.

O que existe é uma demanda reprimida que ainda não foi atendida pelas montadoras do setor, como empresas de moto-frete — afirmou Alfred Szwarc, consultor na área de emissões e tecnologia da Unica.

A frota atual de motos é de mais de 12 milhões de unidades.

De olho nesse mercado, outras empresas preparam seus lançamentos.

Caso da brasileira Amazonas Motocicletas Especiais, que tem uma parceria com a gigante americana Delphi. Depois de dois anos de pesquisas e R$ 1 milhão investido, o protótipo de um modelo com 300 cilindradas foi apresentado em outubro passado. Mas, com dificuldades para homologar o seu produto, a Amazonas teve de postergar o início da produção de março para dezembro.

Presidente da empresa, Guilherme Hannud Filho, diz que o governo acerta em exigir padrões internacionais para a emissão de poluentes. O problema é que ainda não existem laboratórios credenciados no país para os testes de homologação.

— Tivemos de levar o nosso produto para um laboratório na China — disse Hannud.

Redução de estoques ajuda na recuperação da indústria A redução dos estoques na indústria foi fundamental para a forte expansão da economia em maio quando, segundo um índice criado pelo Itaú Unibanco, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e riquezas produzidos pelo país) teria avançado 2,3% frente a abril. Os dados oficiais do IBGE só calculam PIB trimestral.

Essa melhora nos níveis de estoques já havia sido sinalizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) que, no início do mês, apontava sinais de que o ciclo de ajuste de estoques provocado pela crise, uma das principais causas da redução da atividade industrial, estava próximo do fim. Pelos dados da FGV, a queda nos estoques nos dois trimestres consecutivos até março chegou a 6%, a maior já registrada desde 1995.

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