JornalCana

Laboratório da USP é vítima de atentado

Inimaginável. A palavra resume a surpresa de funcionários, professores e diretores de departamentos do campus de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo) com o fato ocorrido na noite de anteontem, quando três tiros foram disparados contra o Ladetel (Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas), que funciona ao lado da faculdade de Química da universidade.

O alvo dos disparos seria o professor Miguel Dabdoub, responsável pelo projeto de pesquisa Biodiesel Brasil, que estaria, segundo o site do Ladetel, sendo ameaçado de morte desde o início da semana. Um Boletim de Ocorrência chegou a ser registrado na terça-feira.

A USP orientou sua assessoria de imprensa a informar que não daria qualquer declaração oficial sobre o assunto, argumentando que isso poderia atrapalhar as investigações.

O professor Dabdoub também utilizou a justificativa para não falar sobre o assunto, na tarde de ontem. Seu assistente, o pós-graduando Antonio Carlos Ferreira Batista, informou que a pedido da direção da universidade e orientação da polícia, os dois não dariam declarações.

Também o delegado do 3º Distrito Policial, Marcos César Borges, que está investigando o atentado, evitou ontem falar sobre o assunto. Sem informar que não falaria, ele disse que estava muito ocupado e não poderia atender a reportagem.

A ameaça de morte teria surgido após a divulgação de que cinco alunos do curso de Química da USP teriam se apoderado indevidamente de conhecimentos obtidos pelo Ladetel. A divulgação foi feita pelo site do projeto Biodiesel Brasil e por meio de e-mail enviado a jornais. O jornal A CIDADE publicou ontem reportagem sobre o assunto.

De acordo com a denúncia, os alunos Felipe Binhardi de Aguiar, Fabrício Nunes Covas, Ana Cecília Figueira Bulhões, André Pereira dos Santos e Leandro César Ribeiro, os dois últimos responsáveis pelo setor de informática do laboratório, teriam constituído uma empresa para vender conhecimentos adquiridos dentro do Ladetel.

Felipe Aguiar, que era aluno de pós-graduação, admite que no final de maio ou no início de junho, os cinco constituíram a MB Brasil com o intuito de “vender consultoria sobre biodiesel para algumas empresas interessadas”. Mas Felipe nega a apropriação indevida dos conhecimentos e diz que todas as acusações terão que ser comprovadas na Justiça. “Estamos tomando as providências”, diz.

Quanto ao atentado ocorrido na USP, ele diz que é lamentável que tenha ocorrido “um fato deste dentro de uma universidade pública do porte da USP”. Felipe disse que foi informado dos tiros quando estava entrando no campus da USP, junto com seus sócios, para assistir a um jogo de vôlei. “Depois das denúncias, estamos andando sempre juntos com medo de algum atentado”, disse o estudante.

Ontem à tarde, apesar das acusações de ameaça de morte, nenhum dos sócios havia sido intimado pela polícia para prestar depoimento. “Mas decidimos, por conta própria, fazer o exame residuográfico para provar que nada temos com o atentado”, disse Felipe.

Nota

A MB do Brasil também distribuiu ontem uma nota à imprensa com o seguinte teor:

“A MB do Brasil lamenta as acusações a nós dirigidas.

Todas as acusações serão rebatidas na justiça.

Lamentamos também as falsas acusações feitas contra uma empresa de tradição como a DEDINI S/A Indústrias de Base.

Deixamos a cargo da justiça que a verdade venha à tona e que os responsáveis sejam punidos.

A base da MB do Brasil vem da universidade pública, e o conhecimento lá adquirido da mesma forma o é.

A universidade pública existe para formar cidadãos. Se não pudermos utilizar o conhecimento lá adquirido, ela pode fechar as portas”.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram