Mercado

Kleffmann vê cotações agrícolas firmes

Mesmo com a crise financeira global, que afastou fundos especulativos do mercado de commodities agrícolas e puxou as baixas dos preços ao longo do segundo semestre de 2008, as cotações têm fatores suficientes para sua sustentação nos próximos meses, avalia Burkhard Kleffmann, principal executivo global da consultoria alemã Kleffmann. Os fundamentos de oferta e demanda ainda oferecem espaço até mesmo para novas altas, acredita o executivo.

“Não teremos novamente rentabilidade recorde nas plantações e os estoques mundiais de grãos continuam baixos. As pessoas ainda estão esperando o que vai acontecer, mas acredito que nos próximos seis a sete meses os preços vão voltar a subir”, diz ele. “O fundamental é: a necessidade por comida é grande. Não veremos as cotações recordes de 2008, mas a média será maior que a do passado”.

Entre os exemplos que enumera para reforçar o argumento de sustentação dos preços da soja, Kleffmann cita a seca na Argentina e na região Sul do Brasil, que já tem dado o tom das altas do preço da commodity nas últimas semanas, além da ainda forte demanda chinesa. Para o trigo, o frio em excesso em regiões produtoras do Leste Europeu também deve derrubar a produtividade – e, na contramão, puxar os preços para cima.

Para os produtores, cotações mais altas podem significar melhores margens, mas a maior incógnita permanece, segundo o executivo, na ponta do financiamento da agricultura. A crise financeira pode ser um estímulo para que os financiadores participem mais desse mercado. “O que pode ocorrer com a crise é uma volta às raízes, a busca por financiar mais a economia real em vez de apenas se trabalhar com instrumentos financeiros”.

Embora o Brasil ainda não tenha obtido sucesso no esforço de transformar o etanol em uma commodity negociada globalmente, a posse hoje do novo presidente americano, Barack Obama, um entusiasta das energias renováveis, pode dar um novo ânimo ao setor, acredita Kleffmann. “Essa [o estímulo ao etanol] foi uma promessa de campanha, e não acredito que ele não vá cumpri-la. O Brasil pode se beneficiar com isso”, disse.

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